Estadão

Inflação segue alta, com componentes mais sensíveis ao ciclo acima do intervalo da meta, diz BC

Os diretores do Banco Central (BC) avaliaram na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a inflação ao consumidor continua elevada. Além disso, eles destacaram componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

"As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente", informaram os diretores do BC, na ata do encontro, divulgada na manhã desta terça-feira, 9.

<b>Projeções</b>

A ata ainda indicou que a projeção para o IPCA de 2024, ano em que o BC trabalha para alcançar a convergência da inflação para a meta, está em 3,6% no cenário de referência. Para 2023, a projeção para o IPCA está em 5,8%.

Todas as estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida. O BC manteve as estimativas ante a reunião anterior, de março.

A projeção do BC para o IPCA de 2023 está acima do limite de tolerância da meta, de 4,75%, indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Para 2024, a projeção do BC supera o centro da meta de 3,0%, mas ainda fica dentro da banda, que vai até 4,50%.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,05 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.

No comunicado e na ata, o BC indica que a estratégia é a convergência da inflação para o "redor da meta ao longo do horizonte relevante", que prevê agora só o ano de 2024. O BC ainda repete que segue vigilante avaliando se a manutenção da Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. Mas indicou que o cenário de retomada de alta de juros é menos provável, ainda que garanta que não vai hesitar em adotar esse caminho caso a desinflação não ocorra como o esperado.

<b>Cenário alternativo</b>

A ata do último encontro do Copom repetiu, assim como no comunicado, um cenário alternativo para a projeção de inflação, que considera que a taxa Selic fica estável em 13,75% ao ano por todo o horizonte relevante, até o fim de 2024.

Para o ano que vem, a projeção no cenário alternativo fica em 2,9%, abaixo do centro da meta (3,0%). A estimativa do BC para 2023 neste cenário é de 5,7%, ainda bem acima do teto da meta (4,75%), indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Na ata anterior, as projeções no cenário alternativo eram de 5,7% e 3,0% para 2023 e 2024.

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