Estadão

Ibovespa mira queda com NY e setor de commodities, mas tenta defender os 107 mil pontos

Novos sinais de desaceleração da inflação global estão no radar dos investidores. Se por um lado isso tende a ser bem visto pelo lado de possibilidade de menores s preços e juros, na outra ponta pode aumentar preocupações de desaquecimento mundial, afetando as bolsas, como a B3 e seu Ibovespa. Nos EUA, o índice PPI desacelerou e na China também houve sinais de arrefecimento da inflação.

No gigante asiático, a cotação do minério de ferro caiu 3,46% em Dalian, o que pesa nas ações da Vale, assim como o recuo em torno de 1,70% do petróleo influencia negativamente os papéis da Petrobras, que divulga balanço do primeiro trimestre após o fechamento da B3.

Aliás, foco de atenção ainda na estatal em meio a rumores de anúncio de recuo nos preços dos combustíveis. No entanto, a companhia esclareceu que os ajustes de preços de seus produtos são realizados "no curso normal" de seus negócios, em razão do contínuo monitoramento dos mercados.

As bolsas internacionais caem, com o Dow Jones caindo mais de 1,00%. Já o Ibovespa cede menos, tentando defender a marca dos 107 mil pontos retomada esta semana, mas, por ora, indica que interromperá uma série de cinco pregões consecutivos de valorização. Ontem, fechou em alta de 0,31%, aos 107.448,21 pontos.

"Há espaço para realização de curto prazo, mas seria bom ultrapassar os 108.300 pontos para buscar os 111 mil e ganhar maior consistência", avalia em comentário o economista Álvaro Bandeira.

Depois do CPI dos Estados Unidos, informado ontem e que apresentou desaceleração, reforçando apostas de suspensão das altas dos juro por lá, hoje foi divulgado o PPI. O dado mostrou que os preços no atacado subiram 0,2% no quarto mês do ano, ante previsão de 0,3%, na comparação com março. A taxa interanual foi de 2,3%, no confronto com projeção de 2,4%, enquanto o núcleo atingiu 3,4% (previsão: 3,3%). Já o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 22 mil na semana encerrada no dia 6 de maio, a 264 mil, ante previsão de analistas de 246 mil solicitações.

"Os dados dos Estados Unidos vieram mistos, com os dados de emprego ficando acima do esperado e um núcleo do PPI um pouco melhor. A economia segue forte, mas com alguns sinais de desaceleração da inflação, em meio a tensões no setor bancário do país. Isso, alta dos juros, ainda demora um pouco para atingir a economia. Os sinais de recessão podem ficar mais claros no segundo semestre", avalia Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Na China, a taxa anual da inflação ao consumidor subiu 0,1% em abril, desacelerando em relação ao esperado por analistas, de alta de 0,3%. Já o indicador que mede os preços ao produtor teve queda anual de 3,6%. "A China renovou a percepção de perda de dinamismo neste momento", afirma em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Segundo Willrich, da Blue3, se não fosse a queda recente das ações da Vale, principalmente, o Índice Bovespa poderia estar mais perto dos 110 mil pontos. Em sua visão, os sinais de desaceleração da economia chinesa retratados nos dados de inflação e nas importações de abril, principalmente, tendem a reforçar expectativas de novos estímulos à economia pelo governo. "
Querendo ou não é o único país que tem forças para estímulos fiscais, não tem a inflação que o resto do mundo tem."

Às 11h24, o Ibovespa caía 0,17%, aos 107.268,61 pontos, após ceder 0,96%, com mínima aos 106.419,28 pontos, e máxima aos 107.446,09 pontos (variação zero). Vale cedia 2,54% e Petrobras perdia cerca de 1,40%. Entre os grandes bancos, o sinal era positivo, indo de 0,74% (Itaú Unibanco PN) a 1,43% (Unit de Santander).

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