Os juros futuros reduziram o ritmo de avanço e terminaram a sessão regular perto dos ajustes de terça-feira, mas preservando um viés de alta em alguns contratos. As taxas subiram durante a quarta-feira, 20, em função de um movimento de realização de lucros após fecharem em baixa nos dois últimos dias. No entanto, o ajuste perdeu força com a desmontagem de posições de proteção que haviam sido feitas com base na possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar hoje sua decisão sobre a divulgação do vídeo da reunião ministerial de Jair Bolsonaro, o que ainda não ocorreu. O retorno do dólar para baixo de R$ 5,70 também contribuiu para tirar pressão da curva.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou em 2,545%, de 2,523% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2022 passou de 3,391% para 3,42%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou estável em 7,61%.
O aumento das taxas foi modesto e novamente se deu num ambiente de liquidez fraca, com os investidores receosos sobre o risco fiscal e de olho no noticiário político, dando conta de nova baixa no governo e pesquisa de avaliação negativa para o presidente. A ata do Federal Reserve, destaque da agenda da quarta-feira, não chegou a ter impacto na curva doméstica.
Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Terra Investimentos, afirma que a falta de prêmio na curva está inibindo a montagem de posições, em meio à perspectiva negativa para o cenário fiscal, quadro político conturbado e aumento no ritmo de mortes e contágio do coronavírus no Brasil. "Quando não se vê prêmio para lado nenhum, não dá para fazer muita coisa. O call agora é não ficar vendido, mas também não dá para ficar comprado. O risco fiscal não pode ser mensurado agora, só mais para frente. É uma posição que terá de ser montada pouco a pouco", disse.
Relatório da Renascença DTVM lista uma série de razões que trazem desconforto ao players, começando pelo vídeo da reunião ministerial. "Informações dão conta de que a tendência é de que Celso de Mello divulgue na íntegra o vídeo", diz o texto. Segundo o Estadão/Broadcast Político apurou, o decano do STF, ministro Celso de Mello, ficou incrédulo com o que viu e fontes que acompanham o caso avaliam que a tendência do ministro é atender ao pedido do ex-ministro Sérgio Moro e levantar o sigilo da íntegra.
A corretora incluiu ainda no rol "a continuidade do implacável avanço da covid-19 no país" e o "aceno de Paulo Guedes de que o atual auxílio emergencial poderá ser prorrogado". Essa possibilidade foi discutida na terça pelo ministro da Economia em videoconferência com cerca de 30 empresários do setor de serviços. Ainda no radar está o depoimento do empresário Paulo Marinho à superintendência da Polícia Federal no Rio, no qual deve apresentar provas sobre as acusações que fez contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).