O papa Francisco visitou a cidade portuguesa de Fátima neste sábado, 5, para rezar pela paz em um santuário conhecido por suas profecias apocalípticas sobre o inferno, a paz e o comunismo soviético.
O pontífice já queria visitar o santuário mariano de Fátima, desde que a sua viagem foi organizada para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, Portugal. Ele falou da figura de Maria, mas Francisco não mencionou a guerra na Ucrânia. Chegou de papamóvel à esplanada do santuário onde 200 mil pessoas o receberam, principalmente fiéis portugueses. Muitas famílias entregaram seus filhos ao pontífice para serem abençoados.
O papa argentino passou a manhã em Fátima, rezando com os doentes e reclusos, bem como com os peregrinos que começaram a encher a esplanada central do complexo muito antes do amanhecer. Enquanto Francisco rezava diante de uma estátua da Virgem, incêndios florestais próximos mancharam o céu com fumaça negra, lançando cinzas sobre a multidão.
A visita é um curto passeio de Lisboa, onde Francisco presidiu as celebrações da Jornada Mundial da Juventude, que reuniu quase um milhão de jovens católicos. Ele retornará à capital portuguesa para participar de uma vigília na noite deste sábado e no domingo, 6, assistirá à missa final, onde será anunciado o local onde será realizada a próxima edição da JMJ.
A história de Fátima remonta a 1917, quando, segundo a tradição, os irmãos portugueses Francisco e Jacinta Marto e a sua prima Lucía contaram que a Virgem Maria lhes apareceu seis vezes e lhes confiou três segredos. Os dois primeiros representavam uma imagem apocalíptica do inferno, previam o fim da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda Guerra Mundial e prenunciavam a ascensão e queda do comunismo soviético. As crianças tinham entre 7 e 10 anos.
Na época das aparições, a Igreja Católica portuguesa estava em crise desde a conversão do país à república em 1910. O governo republicano aprovou uma série de leis anticlericais, incluindo a proibição do ensino religioso nas escolas. Nesse contexto, em que padres e bispos se exilaram, as visões ajudaram a revitalizar uma instituição perseguida.
Em 2000, o Vaticano revelou o tão esperado terceiro segredo, que descreveu como uma previsão do ataque ao papa São João Paulo II em 13 de maio de 1981 na Praça de São Pedro, que coincidiu com o aniversário da visão original.
De acordo com escritos posteriores de Lúcia, que se tornou freira e morreu em 2005, a Rússia se converteria e a paz reinaria se o papa e todos os bispos do mundo consagrassem a Rússia ao "Imaculado Coração de Maria". Lucía afirmou mais tarde que João Paulo havia cumprido a profecia durante uma missa em 1984, embora o pontífice nunca tenha mencionado a Rússia na oração.
No ano passado, em uma prece pela paz após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Francisco corrigiu a omissão de 1984 e consagrou a Rússia e a Ucrânia a Maria.
Francisco fez repetidos apelos para acabar com a guerra russa, frequentemente expressando solidariedade com o povo ucraniano "martirizado", enquanto se abstém de criticar a Rússia nominalmente. Recentemente, ele designou um enviado a Kiev, Moscou e Washington em uma missão para tentar facilitar o retorno de crianças ucranianas levadas para a Rússia.