Dois meses após 170 afegãos acampados no aeroporto de Guarulhos serem encaminhados a abrigos na cidade de Praia Grande, no litoral paulista, após um surto de sarna, o local voltou a ser palco da lamentável situação dos afegãos que chegam ao país em busca de uma nova vida. O Terminal 2 chegou a abrigar neste domingo (27) 195 pessoas, entre adultos, crianças, idosos, pessoas com deficiência, com problemas de saúde e também gestantes. Por conta da situação, o prefeito Guti, em visita ao aeroporto nesta segunda-feira (28), voltou a cobrar do governo federal ações assertivas para a solução do problema.
“Estamos em alerta máximo novamente, não conseguimos lidar sozinhos com toda essa demanda, que não é e nunca foi de responsabilidade nossa”, comentou o chefe do Executivo, lembrando que a cidade hoje realiza, por meio do Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, o primeiro atendimento e o cadastro desses afegãos, além da solicitação de vaga para acolhimento junto aos governos estadual e federal e também a instituições parceiras, como o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados da ONU (Acnur).
“Enquanto eles estão no aeroporto nós também trabalhamos a segurança alimentar dos refugiados com café da manhã, almoço e janta, além de entregar água e cobertores. Tudo isso é um gasto não previsto no orçamento da cidade há mais de um ano”, explicou Guti.
O aeroporto internacional de São Paulo / Guarulhos é o único no país que recebe voos que transportam os afegãos e, por conta disso, a cidade já atendeu no posto humanizado 4.562 afegãos entre janeiro de 2022 e o dia 22 de agosto de 2023.
“Recebemos promessas de solução para o problema, mas até agora não tivemos retorno efetivo. Temos previsão de abrir novas vagas na cidade com uma verba do governo federal, mas a situação está longe de ser resolvida e de ser o suficiente para abrigar os que estão hoje no aeroporto”, explicou o secretário de Desenvolvimento e Assistência Social, Fábio Cavalcante.
No dia 13 de junho Guti protocolou mais um ofício junto ao Ministério de Portos e Aeroportos solicitando apoio para a situação. O documento reforçava o pedido de reconhecimento da cidade como fronteira do Brasil, solicitava que o governo federal assumisse as ações de interiorização dos afegãos no país e pedia maior apoio financeiro para a alimentação daqueles que permanecem no aeroporto aguardando acolhimento.
Em 30 de junho, diante do surto de sarna, representantes do mais variados setores públicos, tanto da União como do Estado, incluindo representantes de diferentes ministérios e também do Poder Legislativo, chegaram a se reunir para anunciar possíveis soluções. No entanto, nada mais, além do envio daquele grupo para a Praia Grande, foi feito efetivamente.