Estadão

Com bancos, Ibovespa cai 0,73%, aos 117,5 mil, na penúltima sessão do mês

No padrão de idas e vindas que tem pautado o Ibovespa desde a série histórica de 13 quedas – concluída no dia 17 quando fechou abaixo dos 115 mil pontos -, o índice se aproxima do fim de agosto com perda de 3,61% no mês, voltando a ceder terreno nesta quarta-feira. Nesta quarta-feira, oscilou de 117.470,87, perto do fechamento, até os 118.840,80 pontos, saindo de abertura a 118.404,16. E encerrou em baixa de 0,73%, aos 117.535,10 pontos, com giro financeiro mais uma vez bem fraco, hoje limitado a R$ 16,7 bilhões. Na semana, vindo de ganhos nas duas sessões anteriores, o índice sobe 1,47% e, no ano, avança 7,11%.

Neste meio de semana, as ações do setor financeiro – que na terça-feira haviam avançado com a expectativa de que o JCP (distribuição de juros sobre capital próprio) não acabaria, mas teria mudança em relação à tributação – voltaram a pesar sobre o desempenho do Ibovespa, com ações de grandes bancos, como Itaú (PN -1,91%), Bradesco (ON -1,33%, PN -2,13%) e Santander (Unit -1,36% no fechamento), em renovação de mínimas em paralelo, no meio da tarde, ao índice da Bolsa.

Na ponta perdedora da carteira Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para Via (-6,99%), IRB (-5,20%) e Alpargatas (-4,96%), com CVC (+17,09%), Dexco (+3,03%) e CSN Mineração (+2,84%) no canto oposto.

"Mercado não anima: enquanto a China não melhorar, e o investidor estrangeiro continuar na ponta de venda, vai subir por quê?", questiona Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que os ativos em Bolsa têm reagido, pontualmente, ao noticiário das empresas. Assim, enquanto as ações de bancos subiram na terça com expectativa mais favorável sobre JCP, hoje voltaram a cair, realizando o avanço do dia anterior, ainda em meio às incertezas sobre a questão. Depois do fechamento da Bolsa, fontes do governo ouvidas pelo <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em Brasília indicaram que o pacote de receitas, no âmbito da PLOA 2024, vai considerar o fim da dedutibilidade do JCP para todos os setores.

Nesse contexto, na ausência de novos gatilhos do exterior ou da concretização de novidades no front doméstico, "estamos vivendo de eventos corporativos", ressalta Monteiro. "Para a Bolsa subir, tem que entrar dinheiro", o que não tem acontecido, destaca o operador.

Dessa forma, o detalhamento no período da tarde, feito pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre a Proposta de Lei Orçamentária para 2024 foi praticamente um não evento, incapaz de direcionar os ativos na B3 em uma direção ou outra. "O governo vai cumprir o que a área econômica vem falando?", aponta Monteiro, referindo-se ao ceticismo que tem prevalecido no mercado quanto ao cumprimento da meta de déficit zero em 2024, ante a dificuldade para obtenção de receita.

"Pauta fiscal no Brasil tem dificultado, ainda há um descasamento no fechamento entre receita e despesa. Não se sabe de onde vai vir a receita para cobrir o déficit, o que traz algum estresse também para a Bolsa, que hoje operou em baixa, com o dólar subindo um pouco", diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos. No fechamento, o dólar à vista marcava alta de 0,30%, a R$ 4,8692.

Para André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o mercado doméstico "transcreveu o resultado do PIB dos Estados Unidos, que cresceu 2,1% no segundo trimestre, abaixo do consenso de 2,4%, e dados do Brasil, com o Caged em linha com as expectativas, e queda do IGP-M, de 0,14% em agosto".

Em Nova York, a leitura do PIB americano foi olhada como copo meio cheio, no momento em que o mercado ainda segue atento à orientação da política monetária nos EUA, especialmente quanto ao espaço para aumentos adicionais nos juros de referência.

"Apesar de parecer contraditório, o freio pode indicar a efetividade dos juros mais altos para controlar a inflação, com esfriamento da economia", observa Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.

Em Nova York, Dow Jones fechou em alta de 0,11%, S&P 500, de 0,38%, e Nasdaq, de 0,54%.

"Aqui, o relatório de empregos, o Caged, registrou desaceleração gradual, reforçando cenário de pouso suave para a economia brasileira. E os investidores estarão atentos ao resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre, que será publicado na sexta-feira", acrescenta o analista da Rico, casa que estima crescimento de 0,5% no segundo trimestre em relação ao anterior, para o Brasil.

Nos Estados Unidos, os dados da ADP sobre a folha de pagamentos do setor privado, embora costumem mostrar pouca correlação com o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano – que será divulgado na sexta-feira -, mostraram um quadro mais "tranquilo" na leitura de agosto, observa Meira, da Valor Investimentos. A leitura da ADP trouxe geração de 177 mil vagas em agosto, ante expectativa de 200 mil para o mês.

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