O nome favorito da cúpula do PT para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR) sempre diz que a música o faz uma pessoa melhor. Trata-se do subprocurador Antonio Carlos Bigonha, pianista e compositor que já teve canções gravadas por Nana Caymmi.
Intitulado Azulejando, o CD de estreia de Bigonha, lançado em 2004, traz na capa azulejos de Athos Bulcão feitos especialmente para a fachada de sua casa, em Brasília, onde um piano de cauda ocupa lugar de destaque. Mestre em Música, o subprocurador não se furta a dar uma "palinha" para os amigos, do clássico ao popular.
Bigonha ganhou apoio, nos últimos dias, na disputa pela cadeira atualmente ocupada por Augusto Aras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve decidir os nomes que vai indicar para a PGR e para o Supremo Tribunal Federal (STF) após voltar de sua viagem a Nova York, onde participa, nesta terça-feira, 19, da abertura da Assembleia-Geral da ONU.
A competição para a PGR se afunilou entre Bigonha e o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet, que foi sócio do ministro do Supremo Gilmar Mendes no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Nenhum dos dois está na lista tríplice entregue pela categoria a Lula.
Diferentemente do que ocorreu em outros mandatos, o presidente disse que não pretende seguir a lista, composta por Luiza Frischeisen, Mário Bonsaglia e José Adonis Callou. Na prática, o chefe do Executivo pode escolher qualquer subprocurador na ativa para o comando do Ministério Público Federal.
<b>Amizades</b>
Bigonha é amigo de José Dirceu, que foi ministro da Casa Civil, e de José Genoino, ex-presidente do PT. Dirceu e Genoino – que foram condenados no processo do mensalão e estão de volta à cena política – têm feito campanha para ele.
O subprocurador se aproximou mais do mundo político quando foi presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, de 2007 a 2011. Na década de 1990, Bigonha atuou no caso dos anões do Orçamento e propôs uma ação judicial que pedia o bloqueio dos bens do então deputado João Alves, pivô daquele escândalo.
Enquanto o comando do PT defende o subprocurador, Gilmar Mendes e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do STF, Alexandre de Moraes, pregam o nome de Gonet. Os dois já conversaram com Lula sobre o assunto.
Aliados do presidente dizem, porém, que ele tem dado sinais trocados sobre o que pretende fazer. Tanto é assim que, antes de viajar para Nova York, Lula declarou que estava aberto a novas indicações.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>