Principal líder da oposição na Rússia, Alexei Navalni convocou a população a sair às ruas para se manifestar contra o governo do presidente Vladimir Putin. A convocação foi feita nesta segunda-feira, 18, por meio de um vídeo gravado na sala de audiência, minutos antes de a Justiça determinar 30 dias de prisão preventiva para o líder opositor.
"O que estes bandidos (no poder) temem mais, vocês já sabem, é que a gente saia às ruas. Então não tenham medo, saiam à rua, não por mim, mas por vocês, por seu futuro", disse no vídeo divulgado nas redes sociais.
Aos gritos de "vergonha!", uma multidão de apoiadores de Navalni protestou diante da delegacia após a determinação da prisão preventiva. A detenção do opositor já havia provocado uma onda de críticas de autoridades americanas e europeias, aumentando as tensões entre a Rússia e o Ocidente.
O principal aliado de Navalni, Leonid Volkov, anunciou os preparativos para "grandes comícios" no sábado, "em todo o país". Pelo menos 13 manifestantes foram detidos na frente da delegacia e pelo menos outros 55 presos pela polícia em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, de acordo com ativistas.
Navalni voltou à Rússia domingo, 17, após ficar meses na Alemanha se recuperando de um envenenamento por novichock, um agente nervoso soviético, usado com frequência contra opositores do Kremlin na Guerra Fria. Antes mesmo de passar pelo controle de passaportes em seu país, Navalni foi preso e não pôde ter mais contato com a família e advogados.
O serviço penitenciário da Rússia disse que Navalni violou os termos de liberdade condicional de uma sentença suspensa em uma condenação por lavagem de dinheiro de 2014. Agora, após o período de um mês, que se encerra em 15 de fevereiro, ele ainda corre o risco de ser condenado a mais tempo de prisão, quando o mérito do caso for julgado. "Este é o grau máximo de ilegalidade", disse o próprio Navalni no vídeo.
Além do caso de 2014, o opositor também enfrenta três outros processos criminais separados – Navalni afirma que as ações foram "inventadas" por Putin e seus aliados. Apelos para a libertação imediata de Navalni vieram da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do gabinete do alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, do secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, e de funcionários de alto escalão de outras nações da UE. O Kremlin disse que Navalni deve enfrentar a Justiça como qualquer outro cidadão se tiver feito algo errado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>