Estadão

Commodities instigam alta do Ibovespa, mas ruídos políticos internos limitam

A alta das commodities estimula alta do Ibovespa nesta quinta-feira, 25, em manhã de valorização moderada dos índices futuros de ações de Nova York e queda da maioria das bolsas europeias. Os mercados repercutem uma série de dados dos Estados Unidos e a decisão sobre juros na zona do euro.

Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu deixar suas principais taxas de juros inalteradas pela terceira vez consecutiva, mas reforçando a mensagem de que manterá nível restritivo pelo tempo necessário para baixar a inflação à meta de 2% ao ano, em reunião nesta quinta-feira.

Em seguida, foram divulgados o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e os pedidos semanais de auxílio-desemprego do país. O PIB cresceu ao ritmo anualizado de 3,3% no quarto trimestre de 2023, ficando acima do teto das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de alta de 2,8%. Já os pedidos de auxílio-desemprego avançaram mais do que o previsto.

"Teoricamente, uma atividade muito aquecida subentende um Fed menos agressivo em relação a início de corte de juros. Claro que a economia crescendo é um bom sinal, mas o maior termômetro são os dados de emprego. Com mais pessoas pedindo auxílio-desemprego, sugere um crescimento sustentável com uma inflação controlada", avalia Sidney Lima analista da Ouro Preto Investimentos.

Neste sentido, abre-se espaço para recuo dos juros. Por ora, a maior chance é que isso comece em maio deste ano. Um sinal que reforça isso é o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. Assim, os juros futuros caem e estimulam alta de algumas ações ligadas ao ciclo econômico, caso de varejistas. Grupo Soma, Assai e Magazine Luiza avançavam em torno de 3,00%.

Segundo Lima, apesar da valorização do Ibovespa, o movimento pode ser pontual. "Aqui está reagindo ao exterior, mas tem os ruídos políticos nas empresas, fica muito refém disso. As ações da Vale até poderiam subir por conta do fator China, mas isso não acontece", diz o analista da Ouro Preto Investimentos, ao referir-se a preocupações com as notícias envolvendo a Vale e que podem se estender a outras companhias, caso da Petrobras.

Apesar da valorização de 1,6% do minério de ferro, em Dalian, na China, em meio a medidas de estímulo ao gigante asiático, as ações da Vale têm instabilidade. Já os papéis da Petrobrás avançam entre 2,00% (ON) e 1,64% (PN), na esteira dos ganhos superiores a 1,50% do petróleo e da alta

No caso das ações da Vale, os investidores monitoram os ruídos envolvendo a empresa, em meio a sinais de que o governo pretende colocar o ex-ministro Guido Mantega no cargo de CEO da mineradora.

Ontem, em meio a esses relatos, o Índice Bovespa fechou em baixa. A queda foi liderada pelas ações da Vale e da Petrobras por conta dos temores dos investidores de tentativa de interferência do governo na gestão das companhias, relembra o economista Álvaro Bandeira em comentário.

No entanto, o recuo foi moderado – de -0,35%, mas aquém dos 128 mil pontos (127.815,70 pontos) – por causa de anúncios de ações de Pequim para impulsionar a segunda maior economia do globo. Hoje, o banco central da China (PBoC, pela sigla em inglês) anunciou uma série de medidas para reforçar o papel de Hong Kong como centro financeiro.

Às 11h24, o Ibovespa tinha alta de 0,32%, aos 128.227,57 pontos, após avançar 0,60%, na máxima aos 128.580,36 pontos. Na mínima, atingiu 127.814,90 pontos, que é o mesmo nível da abertura, com variação zero.

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