Começa nesta segunda-feira, 26, em São Paulo, o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, evento oficial do G20 Social e que antecede a reunião de representantes do grupo das 20 maiores economias. Juntos, esses países representam 85% do PIB global e são responsáveis por mais de 80% das emissões relacionadas ao setor energético.
Segundo Maria Netto, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), o fórum vai discutir diferentes formas de financiar as iniciativas necessárias para fazer frente às mudanças climáticas.
Um estudo, realizado pelo Instituto AYA e Systemiq em 2023, estimou que o investimento anual necessário para financiar a transição energética no Brasil vai de US$ 130 bilhões a US$ 160 bilhões.
Um dos instrumentos para captar recursos e que será debatido no fórum, segundo Maria Netto, é o chamado <i>blended finance</i>.
Como o nome em inglês sugere, ele combina recursos com diferentes propósitos como, por exemplo, filantropia, investimento com retorno financeiro ou ainda financiamento de organismos multilaterais.
"Nossa meta é evidenciar os desafios para alavancar a disponibilidade de investimento e financiamento climáticos globais, incentivando a construção de um plano efetivo de ações com marcos até a COP30. Isso, em diálogo com o Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda e outras frentes governamentais", diz Patricia Ellen, cofundadora do Instituto AYA e presidente da Systemic Latam.
<b>Hedge cambial</b>
Por ter recebido diagnóstico de covid-19, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou mais cedo a presença no fórum, prevista para as 15h20. A participação era aguardada por ser o primeiro encontro público com o setor privado, terceiro setor e organizações multilaterais para discutir o hedge cambial, que será lançado nesta manhã.
Chamada de Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, a iniciativa é um esforço conjunto do Banco Central do Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ministério do Meio Ambiente, Banco Mundial e Embaixada do Reino Unido. Na entrevista à imprensa, hoje às 11h, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, é quem vai substituir o ministro Haddad.
<b>Participantes do fórum</b>
Entre os painelistas do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, estão Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia e professor na Universidade de Columbia; o embaixador Antônio Ricarte, Ministério das Relações Exteriores; José Pugas, da gestora JGP; Tatiana Schor, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente; Sérgio Suchodolski, Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri); Denis Minev, Bemol e Fundação Amazonas Sustentável; Nabil Kadri, BNDES.
O ICS e o Instituto Aya estão entre as sete organizações que organizaram o fórum, que vai até amanhã. Também promovem o evento: Instituto Arapyaú, Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Open Society Foundations e Uma Concertação pela Amazônia.