As bolsas da Europa operam no azul depois de uma semana de perdas, com o empurrão das ações de bancos e montadoras e a expectativa renovada de que o acordo fiscal nos Estados Unidos sairá. Uma série de dados macroeconômicos da zona do euro também serve de apoio. Embora alguns sinalizem preocupação com a trajetória econômica em meio à escalada de casos da covid-19, a indústria na Alemanha agradou, contribuindo para engatilhar a primeira alta da semana nos mercados europeus, marcada pela tensão com um segundo choque pandêmico e o vai-não-vai do socorro americano.
Depois de atingir o patamar mínimo em um mês, o Stoxx 600 se recupera. Às 7h23 (de Brasília) desta sexta-feira, o índice, que representa 90% das ações europeias, tinha alta de 0,78%, a 363,06 pontos.
Um dos impulsos vem do setor bancário. O britânico Barclays entregou um conjunto de resultados melhor que o esperado no terceiro trimestre, o que motivou suas ações. Há pouco, subiam mais de 7% na Bolsa de Londres. No setor automotivo, a montadora alemã Daimler melhorou sua projeção para os lucros deste ano diante da forte demanda chinesa no terceiro trimestre, o que apoiou suas ações.
Na esfera macroeconômica, os investidores digerem a divulgação mista de dados da zona do euro e do Reino Unido. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, termômetro dos setores industrial e de serviços, caiu de 50,4 em setembro para 49,4 em outubro, no menor nível em quatro meses e voltando a apontar contração na atividade, mas o PMI de manufatura teve alta inesperada a 54,4 neste mês, segundo dados preliminares da IHS Markit.
Após uma impressão "fraca dos dados", a despeito da indústria ter vindo mais forte, o americano Morgan Stanley rebaixou sua projeção para a economia da zona do euro no quarto trimestre, de alta de 1,3% para queda de 0,1%. "Este mergulho duplo muda a recuperação de um movimento em V simples para uma forma de W mais complexa na zona do euro", dizem os economistas Jacob Nell e Markus Guetschow, do Morgan.
Pesa, sobretudo, conforme analistas e economistas, a propagação de casos de covid-19 na Europa, que tem exigido medidas mais duras de restrição para conter o vírus. A cada dia, novas ações são adotadas nos países europeus, o que já se reflete no índice de confiança dos consumidores e, agora, começa a se reverberar na economia.
O temor renovado ao longo da semana em torno de um novo socorro nos Estados Unidos dá lugar à esperança por parte dos investidores que a ajuda, de fato, saia. No segundo e último debate presidencial entre o presidente Donald Trump e o adversário democrata, Joe Biden, prevaleceu o jogo do empurra-empurra. Mas a democrata Nancy Pelosi sinalizou ventos positivos ao dizer que um acordo está mais perto. De volta à corrida presidencial nos EUA, a leitura é de que Biden venceu Trump no último confronto, a dez dias das eleições.
Quanto ao Brexit, como é conhecida a saída do Reino Unido da União Europeia, o mercado monitora a retomada das negociações, ontem, em Londres. Parte do mercado segue cética enquanto outra espera um acordo até meados de novembro.
No câmbio, os dados da economia europeia podem pesar, segundo analistas. Por ora, contudo, euro e também a libra, que vem pressionada pelo Brexit, sobem frente ao dólar. Por volta das 7h20, o euro era cotado a US$ 1,1848 ante US$ 1,1821 na tarde de ontem. "Na ausência de mais progresso em um acordo fiscal nos EUA ou Brexit, podemos ver o euro sobre o dólar cair abaixo de US$ 1,18 hoje em uma leitura pessimista dos PMIs", prevê o analista do dinamarquês Danske Bank, Lars Merklin.
De volta ao mercado acionário, o índice FTSE-100, de Londres, subia 1,45% às 7h23 (de Brasília). Por lá, os dados de indústria e serviços desagradaram, mas os resultados do Barclays salvam o dia. Na Alemanha, o DAX tinha alta de 1,03%, com ajuda do setor industrial. Nas demais praças do Velho Continente, o CAC-40, de Paris, avançava 1,34%, em Milão, o FTSE-MIB apresentava elevação de 1,08%, o IBEX-35, de Madri, tinha valorização de 1,23% e o PSI-20, de Lisboa, subia 0,65%.