A primeira reunião do setor financeiro do grupo das 20 maiores economias do globo (G20) sob a presidência da Itália discutiu nesta segunda-feira, 25, formas de continuar a fornecer suporte emergencial aos países enquanto for necessário por causa da crise desencadeada pela pandemia de coronavírus. No encontro, também foram debatidas as necessidades de aumento da produtividade de sustentabilidade fiscal no longo prazo. Conforme um participante do simpósio "Oportunidades e desafios da digitalização à luz da Crise da Covid-19", entre as prioridades do grupo, do qual o Brasil faz parte, está a possibilidade de extensão da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês).
Com data marcada para se encerrar em junho deste ano, a DSSI permite que os países mais pobres suspendam os pagamentos oficiais do serviço da dívida de forma bilateral. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, a iniciativa tem facilitado "significativamente" gastos de alguns países relacionados com a pandemia. Desde o ano passado, há um grande debate entre os países sobre se a medida deve prevalecer ou ser descontinuada.
"Em 2020, o G20 deu uma resposta extraordinária para atender às necessidades imediatas de liquidez dos países mais vulneráveis. Em 2021, o G20 continuará a monitorar a e a discutir sua potencial extensão", trouxe o documento da organização distribuído aos participantes da 1ª Reunião de Representantes de Finanças e Banco Central do G20. O grupo, que volta a se reunir amanhã, também promete examinar a arquitetura para a reestruturação da dívida soberana envolvendo credores do setor privado. "A crise da covid-19 exacerbou as vulnerabilidades da dívida preexistente em várias economias emergentes e em desenvolvimento."
Os representantes financeiros que estão logo abaixo dos ministros de Economia e de presidentes de bancos centrais falaram ainda sobre digitalização e da exposição que a pandemia deu à necessidade de aumentar a resiliência da arquitetura financeira internacional, inclusive por meio de uma melhor gestão dos riscos decorrentes da volatilidade excessiva dos fluxos de capital. "Em 2021, o G20 deve começar a se concentrar nas necessidades de financiamento de longo prazo dos Países de Baixa Renda (PBR), enquanto persegue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)."
Sobre infraestrutura, o grupo discutiu que a lacuna existente de investimento no setor não pode ser fechada sem uma maior atenção à resiliência de longo prazo. "Em particular, a manutenção devidamente financiada e planejada e gerenciada de maneira ideal ajudaria a preservar os ativos de infraestrutura ao longo de seu ciclo de vida, minimizar perdas e interrupções e garantir o fornecimento de serviços de infraestrutura seguros, confiáveis e de alta qualidade", trouxe o documento do grupo.
Os debates que ocorrem na reunião de segundo escalão da área financeira do G20 servem para pavimentar os acordos e definições feitas pelos presidentes de bancos centrais e ministros de Finanças. A reunião desse grupo está marcada para o final do mês que vem e será realizada por meio de videoconferência por causa da pandemia.