Bielo-Rússia: Lukashenko diz que Putin deve garantir segurança ante protestos

O presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko, disse no sábado à noite que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordou em disponibilizar forças de segurança para restaurar a ordem na capital Minsk. Desde o dia 9 de agosto, quando Lukashenko conquistou seu sexto mandato presidencial, manifestantes têm ido às ruas para contestar a eleição.

Novos protestos são esperados para este domingo, o oitavo dia consecutivo. Milhares de apoiadores do presidente bielo-russo também se reúnem hoje em uma praça próxima ao principal palácio do governo.

Lukashenko não especificou o tipo de assistência que a Rússia estaria disposta a fornecer, mas disse que "quando se trata do componente militar, temos um acordo com a Federação Russa", referindo-se a um acordo de apoio mútuo que as duas ex-repúblicas soviéticas assinaram na década de 1990. "Estes são os momentos que se enquadram no acordo", acrescentou. Em comunicado, o Kremlin informou que Putin e Lukashenko expressaram esperança de uma resolução rápida para as tensões.

Os partidários da oposição afirmam que os números eleitorais foram manipulados e se queixam da dura repressão policial durante os protestos, que resultou em uma pessoa morta e 7 mil detidas. O declínio da economia da Bielo-Rússia e a rejeição de Lukashenko à pandemia do coronavírus, considerada por ele uma "psicose", são outros fatores que potencializaram os protestos, entre os maiores já vistos no país.

No sábado pela manhã, Lukashenko rejeitou a ideia de que mediadores estrangeiros se envolvessem na tentativa de resolver a crise política do país. "Nós temos um país normal, fundado em uma constituição. Não precisamos de nenhum governo estrangeiro, de qualquer tipo de mediador", declarou ele, em reunião com funcionários do Ministério da Defesa. O comentário poderia estar relacionado a uma oferta dos líderes da Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia para ajudar a resolver a crise.

Tanto a União Europeia quanto o governo dos EUA rejeitaram o resultado da eleição presidencial na Bielo-Rússia. Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia informaram na sexta-feira que começaram a elaborar uma lista de autoridades do país que poderão enfrentar sanções por seu papel na repressão aos manifestantes.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou no sábado que a libertação de alguns manifestantes não era suficiente e que as eleições na Bielo-Rússia estavam aquém dos padrões democráticos. "Dissemos que as próprias eleições não foram livres. Passei os últimos dias consultando nossos parceiros europeus", disse Pompeo em entrevista coletiva em Varsóvia com seu homólogo polonês. "Nosso objetivo comum é apoiar o povo bielo-russo. Instamos a liderança a ampliar o círculo para se envolver com a sociedade civil".

O principal oponente de Lukashenko na votação, Sviatlana Tsikhanouskaya, fugiu para a Lituânia no dia seguinte, sabendo que vários ex-candidatos à presidência foram presos por anos por acusações consideradas forjadas. Outros adversários em potencial, impedidos por funcionários eleitorais de concorrer, fugiram do país antes da votação. Fonte: Dow Jones Newswires.

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