Em mais uma polêmica na "bolha" sanitária do US Open, a tenista francesa Kristina Mladenovic precisou deixar a competição neste sábado, por decisão das autoridades de saúde do Condado de Nassau, do estado de Nova York. Já eliminada nos jogos de simples, ela precisou desistir da chave de duplas, na qual formava com a húngara Timea Babos a parceria cabeça de chave número 1, favorita ao título.
"As autoridades de saúde do Condado de Nassau, no estado de Nova York, decretaram quarentena para rodos as pessoas que estiveram em contato com quem previamente testou positivo para o coronavírus. Como os jogadores estão no condado de Nassau, a quarentena será obrigatória para aqueles que estão jogando no USTA Billie Jean King Tennis Center em Nova York", anunciou a Associação de Tênis dos EUA (USTA), organizadora do US Open, em comunicado.
Mladenovic foi uma das 11 pessoas que tiveram contato com o também francês Benoit Paire, único tenista da competição a ter testado positivo para o novo coronavírus, antes mesmo do início dos jogos. Este grupo, que conta com sete tenistas, precisou ser colocado numa área de restrição da competição, numa "bolha" dentro da "bolha" do US Open desde o primeiro dia do Grand Slam.
Apesar do contato direto com Paire, que não apresentou sintomas e foi excluído do US Open antes mesmo do primeiro dia de competição, os tenistas foram mantidos nas chaves do torneio, o que gerou surpresa e polêmica dentro e fora da "bolha". A organização do US Open chegou a alterar os termos dos seus protolocos para permitir a permanência do grupo no torneio.
A decisão surpreendeu também porque na semana anterior os tenistas Guido Pella, da Argentina, e Hugo Dellien, da Bolívia, precisaram desistir do Masters 1000 de Cincinnati, por terem entrado em contato com o preparador físico Juan Manuel Galván, que testou positivo para a covid-19. A competição de Cincinnati foi disputada neste ano no mesmo complexo que sedia o US Open, contando com os mesmos protocolos e regras da "bolha".
Na ocasião, a decisão de excluir os dois tenistas gerou revolta entre os demais jogadores. O sérvio Novak Djokovic chegou a ameaçar boicotar o Masters de Cincinnati caso eles não fossem reintegrados, o que acabou não acontecendo. No US Open, no entanto, os 11 que tiveram contato com Paire seguiram em quadra.
A polêmica veio à tona com mais força nos últimos dias. Isso porque tenistas deste grupo que eram eliminados da competição eram mantidos em quarentena no hotel dos jogadores. Pela decisão da organização, eles devem permanecer no local durante um período de 14 dias, impedindo os tenistas de disputarem outros torneios na Europa, em preparação para Roland Garros.
Alguns deles, como a belga Kirsten Flipkens, começaram a reclamar nas redes sociais. As críticas ganharam volume nos últimos dias e chegaram até as autoridades do Estado de Nova York. Eles tomaram conhecimento sobre a situação incomum vivida pelos tenistas que tiveram contato com um infectado e seguiram jogando no torneio. Na sexta-feira, as autoridades estaduais intervieram no US Open ao impedir que o francês Adrian Mannarino, integrante do grupo dos 11, enfrentasse o alemão Alexander Zverev, pela terceira rodada.
A organização precisou adiar a partida por horas ao longo da sexta enquanto negociava uma permissão junto ao governo estadual. Mannarino só pôde entrar em quadra graças a uma permissão especial do governador Andrew Cuomo. Mas, neste sábado, a mesma exceção não foi dada a Mladenovic.
"A USTA é obrigada a cumprir as normas impostas sejam elas no nível do estado, da cidade ou do condado. Todas as pessoas identificadas que tiveram contato prolongado com alguém infectado serão confinadas em seus aposentos durante o período de quarentena. Kristina Mladenovic é uma dessas pessoas e por isso a dupla dela com Timea Babos teve que desistir do US Open", informou a USTA, em seu comunicado.
Antes de ser vetada, a tenista francesa já havia reclamado sobre a situação de estar impedida de circular pelo hotel por ter tido contato com Paire. "Eu tenho a impressão de que nós somos prisioneiros ou criminosos. Até para o menor movimento, temos que pedir permissão (à organização), mesmo depois de sermos testados todos os dias e eu já tive 37 resultados negativos. Isso é abominável. As condições são atrozes."