Itália, Holanda e Bélgica decidiram proibir voos procedentes do Reino Unido a partir deste domingo, 20, em uma tentativa de garantir que uma nova cepa de coronavírus que está se alastrando pelo sul da Inglaterra não se espalhe por seus territórios. A Holanda acrescentou ainda que, no início de dezembro, a amostragem de um caso no país revelou a mesma cepa de vírus encontrada no Reino Unido. Além das três nações, a França também deve adotar medidas semelhantes.
No período da tarde deste domingo, a Alemanha anunciou também a suspensão de voos vindos do Reino Unido. O Ministério dos Transportes alemão declarou que a partir da meia-noite, o país só vai receber voos de carga do Reino Unido, mas não especificou a duração dessa proibição. Outro porta-voz do governo disse que está em contato com seus parceiros europeus para debater sobre o assunto.
O ministro das Relações Exteriores italiano, Luigi di Maio, disse no Facebook que o governo de seu país tinha o "dever de proteger a Itália e nossos compatriotas". Ele afirmou ter notificado o Reino Unido sobre a suspensão de voos e informou que a decisão de limitar as viagens seria assinada em breve.
A proibição de viagens na Holanda permanecerá em vigor até 1º de janeiro, disse o governo em um comunicado no início do domingo, acrescentando que está monitorando os desenvolvimentos e considerando medidas adicionais relacionadas a outros meios de transporte.
Em medidas para controlar a propagação do vírus, o governo emitiu um aviso "não viaje", a menos que seja absolutamente necessário. A proibição veio depois que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e cientistas anunciaram no sábado, 19, que a nova cepa de coronavírus identificada no país é até 70% mais transmissível do que as cepas existentes.
"Não há evidências que sugiram que a nova cepa seja mais letal ou cause doenças mais graves", enfatizou o primeiro-ministro, ou que "as vacinas sejam menos eficazes contra ela".
Johnson também disse que Londres e o sudeste da Inglaterra, que estão atualmente no nível mais alto de um sistema de regras de três camadas, agora serão colocados em um novo nível 4, com o encerramento de lojas não-essenciais, academias, cabeleireiros, bem como a proibição de deslocação para outras zonas do país.
O governo holandês disse que avalia com outras nações da União Europeia a possibilidade de conter a importação do vírus do Reino Unido.
Aderindo à decisão, a Bélgica também decidiu proibir voos do Reino Unido, assim como conexões ferroviárias; a rota Eurostar conecta cidades inglesas a Bruxelas.
O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse neste domingo que estava emitindo a ordem de 24 horas a partir da meia-noite, por precaução. "Há muitas perguntas sobre esta nova mutação e se ela já não está no continente", disse. Ele espera ter mais clareza a partir de terça-feira, 22.
A França também está considerando suspender voos e trens do Reino Unido depois que uma nova cepa de coronavírus foi detectada lá, informou a <i>BFM Television</i> neste domingo. Uma decisão oficial deve ser anunciada ainda nesta data disse a <i>BFM</i> sem citar fontes.
<b>Lockdown mais amplo no Reino Unido</b>
O ministro da saúde britânico, Matt Hancock, sugeriu neste domingo que as novas restrições adotadas nessas regiões poderiam permanecer por algum tempo, dizendo que uma nova variante do coronavírus que surgiu é muito difícil de controlar. "Nós realmente precisamos colocar isso sob controle. Temos um longo caminho a percorrer para resolver isso."
As novas restrições de bloqueio devem permanecer por vários meses até que as vacinas sejam aplicadas em todo o Reino Unido, acrescentou Hancock, segundo informações do jornal <i>The Guardian</i>.
"O que é realmente importante é que as pessoas não apenas sigam (as novas regras) mas todos em áreas de nível 4 ajam como se você tivesse o vírus para parar de espalhá-lo para outras pessoas", disse ao programa Sophy Ridge da <i>Sky News</i> neste domingo. "Sabemos que você pode pegar mais facilmente esta nova variante com uma pequena quantidade do vírus presente", afirmou o ministro.
Segundo Hancock, "precisamos de mais medidas para controlar a propagação da nova variante do que para controlar a propagação da variante antiga". "Esse é o problema fundamental", admitiu o ministro da saúde britânico.
A partir deste domingo, mais de 20 milhões de pessoas vão permanecer confinadas na Inglaterra, quando medidas restritivas entraram em vigor devido ao aumento alarmante de casos de covid-19, que o governo britânico relaciona a uma nova variante do vírus.
Com estas regras, os planos flexíveis que o governo tinha autorizado entre os dias 22 e 28 de dezembro também foram alterados para que familiares e amigos pudessem se reunir no Natal. Aqueles que vivem em áreas de nível 4 não poderão se juntar a outras pessoas que moram em níveis inferiores.
As regras estabelecidas na Inglaterra terão duração de duas semanas e serão revistas no dia 30 de dezembro.
A Grã-Bretanha alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) que a nova variante identificada nesta semana parece estar acelerando a disseminação da covid-19, dizendo que ele responde por cerca de 60% dos casos da capital.
Os vírus sofrem mutações regularmente, e os cientistas descobriram milhares de mutações diferentes entre as amostras do vírus que causa a doença. Mas muitas dessas mudanças não afetam a facilidade com que o vírus se espalha ou a gravidade dos sintomas. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS