O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica da economia) em 0,75 ponto porcentual, de 3,00% para 2,25% ao ano. Este é o oitavo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
De um total de 54 instituições consultadas pelo <b>Projeções Broadcast</b> (Sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), 52 esperavam por um corte de 0,75 ponto da Selic, para 2,25% ao ano. Duas casas aguardavam pela redução da taxa básica em 0,50 ponto, para 2,50% ao ano.
Ao justificar a decisão desta quarta, 17, o BC avaliou que o cote de 0,75 p.p. reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva. Segundo o colegiado, a decisão é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021.
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, conforme o Relatório de Mercado Focus, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 2,4% para 2,0%. No caso de 2021, a expectativa passou de 3,4% para 3,2%.
No comunicado de hoje, o BC também optou por divulgar seu cenário de referência, com câmbio constante a R$ 4,95 e Selic constante em 3,00% – como estava antes da reunião. Neste caso, a projeção do IPCA para 2020 passou de 2,3% para 1,9% ao ano. Para 2021, foi de 3,2% para 3,0%.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).
Em função do corte da Selic de hoje, o Brasil também passou a registrar juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que, com a Selic a 2,25%, o juro real brasileiro passou a ser de -0,78% ao ano. O País possui agora o 14º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.