Itália rejeita proposta de atrelar fundo de recuperação da UE à reformas estatais

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, rejeita a proposta do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, de condicionar a concessão de recursos de fundo para ajuda a países europeus para superar o novo coronavírus à realização de reformas estatais como a previdenciária. "Ele não pode pedir que façamos reformas específicas. Uma vez que (o auxílio) é aprovado, cada país apresentará suas propostas", disse Conte, em meio às negociações do bloco. Ele acrescentou que o "debate é muito difícil". Este é o terceiro dia de negociação entre a cúpula de 27 líderes da União Europeia (UE).

Para entrar em vigor, a proposta do fundo de 750 bilhões de euros, que visa ajudar países-membros a atravessarem a crise do coronavírus, deve ser aprovada por todos os 27 países membros da UE. Os recursos devem ser repassados aos países-membros do bloco por meio de empréstimos e doações. As tratativas serão retomadas às 17h30 de Bruxelas (12h30 de Brasília), de acordo com o porta-voz do Conselho Europeu, Barend Leyts.

Apesar de apoiado pelas principais lideranças da União Europeia, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o fundo de recuperação é rejeitado por países como Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia, resistentes a grandes flexibilizações fiscais. Estes países requerem que o subsídios sejam concedidos a apenas países cuja as economias foram mais afetadas pela pandemia da covid-19 e limitados a condições rígidas sobre como os recursos devem ser gastos.

O primeiro-ministro holandês propõe também que seja estabelecido um freio que permita aos demais países do bloco monitorar o emprego dos recursos do fundo e, se necessário interromper os projetos financiados pelo fundo de recuperação. Rutte também quer que seja feita uma ligação entre a distribuição dos recursos ao Estado de direito, propondo uma punição financeira aos países que não cumprirem a democracia – o que desagradou os líderes da Polônia e Hungria. Aliado de Rutte, o chanceler austríaco Sebastian Kurz, disse que ainda acreditava que um acordo era possível, mas que há um "longo caminho a percorrer".

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse, ao chegar ao encontro, que as discussões podem terminar sem um acordo. "Se haverá uma solução, ainda não sei dizer. Existe muita boa vontade, mas também há muitas posições. Então, eu vou trabalhar para isso. Mas também pode não haver resultado hoje", afirmou Merkel.

Ao lado de Merkel, o presidente da França, Emmanuel Macron, buscam convencer países contrários como a Holanda da aprovação do pacote. O líder francês disse que a cúpula precisa tomar uma decisão neste domingo. "Acho que ainda é possível, mas esses compromissos, digo muito claramente, não serão feitos à custa da ambição europeia", afirmou ao chegar no encontro. Fonte: Associated Press

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