Um dos pivôs da acusação de lavagem de dinheiro no processo de venda de direitos televisivos de jogos da seleção brasileira, Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, rompeu o silêncio. Em uma entrevista ao jornal espanhol Mundo Deportivo, o ex-dirigente, que comandou o clube catalão de 2010 a 2014, fez duras críticas à Justiça da Espanha. "Não tenho dúvidas que se não fosse presidente do Barcelona não havia ido à prisão", afirmou.
Depois de passar 21 meses (ou 643 dias) na prisão, na qual ficou após ser detido em maio de 2017, o ex-mandatário do clube espanhol foi absolvido em julgamento encerrado em um tribunal de Madri, há pouco menos de um ano, quando a sentença que o favoreceu disse não ter encontrado evidências suficientes para considerá-lo culpado neste caso.
Rosell havia sido acusado de apropriação indébita de fundos provenientes da venda de direitos televisivos envolvendo amistosos da seleção brasileira, bem como de um contrato de patrocínio entre a empresa de material esportivo Nike e a CBF, que na época era presidida por Ricardo Teixeira. Ele também foi acusado de fazer parte de uma organização criminosa.
"Se não fosse o presidente do Barcelona, nada seria investigado empresarialmente. Não haveria uma perseguição fiscal tão agressiva como ainda está tendo", prosseguiu o ex-dirigente. "São 72 autuações da Agência Tributária que sofri desde que me elegi presidente (do Barcelona). Antes disso, zero inspeções. Casual?", indagou em tom de ironia.
Ao se defender na Justiça, Rosell admitiu ter feito alguns investimentos em negócios com Ricardo Teixeira, mas que não teriam, na sua versão, qualquer relação com os contratos para as partidas do Brasil. Mas admitiu que o ex-presidente da CBF lhe emprestou dinheiro para ajudá-lo a comprar um apartamento, algo que declarou ter pagado com juros três anos depois. Os promotores dizem que o empréstimo fazia parte do esquema de lavagem de dinheiro supostamente montado pelos dois ex-dirigentes.
RONALDINHO GAÚCHO – O ex-presidente do Barcelona falou também sobre a situação de Ronaldinho Gaúcho, que está agora em um hotel de Assunção, no Paraguai, cumprindo prisão domiciliar depois de passar mais de um mês em um presídio da cidade junto com seu irmão Roberto Assis. Os dois foram detidos no início de março por usarem passaportes falsos e documentos de identidade para entrar no país.
"Ronaldinho Gaúcho não sabe ainda a razão de ter sido preso. Alguém o enganou e não lhe explicou a verdade. Ele é futebol e sorriso. Espero que continue pensando em futebol, mas sobretudo que siga sorrindo", comentou Rosell.