As compras dos distribuidores de aço do País subiram 10,3% em agosto deste ano, para 308,9 mil toneladas. Já as vendas subiram 33,5% na mesma base de comparação, para 373,8 mil toneladas, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Os dados foram revelados nesta terça-feira, 22, em coletiva virtual do Instituto.
De acordo com o presidente do Inda, Carlos Loureiro, os dados evidenciam a baixa oferta por parte das siderúrgicas, o que tem levado a consecutivas quedas nos estoques dos consumidores de aço. "Está difícil comprar aço, porque as usinas estão sob uma forte pressão de mercado", comentou. "Se isso não mudar, vai ficar difícil de trabalhar. Vamos chegar a 1,7 mês de estoque. Muitos clientes vão ficar sem produto."
É por esse motivo que o Inda projeta que as vendas pelos distribuidores subirão 8% em setembro na comparação com agosto, mas ao mesmo tempo, as compras ficarão estáveis. De acordo com os dados do instituto, os estoques de aço na rede associada chegaram a dois meses de giro, abaixo da média histórica, após uma queda de 7,9% em agosto ante julho, para 763 mil toneladas.
O suprimento também está menor nas importações. Segundo o instituto, as importações de aço plano caíram 33,9% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2019, para 59,332 mil toneladas. Entre janeiro e agosto, a queda chega a 22,8%, para 598,923 mil toneladas. No último mês, 76,5% do aço importado pelo Brasil veio da China, e 5,3%, da Áustria.
<b>Preços</b>
Diante da baixa dos estoques da rede de distribuição de aço no País, novos aumentos de preço por parte das siderúrgicas terão de ser repassados aos clientes industriais, disse Carlos Loureiro. "A rede de distribuição é que nem o posto de gasolina. Temos pouca ação com o aumento de preços. Ele é dado pela usina e somos obrigados a repassar, agora principalmente, com esse nível de estoques. Qualquer aumento de preço, a rede é obrigada a repassar." De acordo com o Inda, diante da produção ainda reduzida por parte das usinas, os estoques da rede de distribuição caíram a 2 meses de giro em agosto, abaixo da média histórica.
Loureiro, porém, considerou que a forte demanda ainda tende a sustentar as compras por parte de setores como o de construção civil, reduzindo o impacto dos reajustes sobre o ritmo de vendas dos distribuidores neste momento. "Se houver esse aumento, isso não deve segurar o aumento do consumo, mas pode influenciar os índices de inflação."
O presidente do Inda afirmou, no entanto, que essa alta é temporária. Ele lembra que no segundo trimestre, com o impacto da pandemia da covid-19 sobre a economia brasileira, muitas indústrias deixaram de comprar aço para preservar caixa, e as siderúrgicas reduziram sua capacidade de produção, abafando altos-fornos, por exemplo. Agora, com a volta às compras dos clientes, as usinas estão religando a capacidade, mas o processo é lento, e por isso, falta aço no mercado.
"Tudo leva a crer que essa dificuldade de oferta esteja sanada entre novembro e dezembro", pontuou. "Todo mundo está correndo para refazer os estoques. Estamos em uma fase de consumo aparente muito maior do que o real. Quando isso se acalmar e as usinas estiverem fornecendo, teremos o mercado de novo equilibrado. Em janeiro e fevereiro, vemos uma sobra de capacidade nas usinas."