Dezenas de cidades têm carreatas pró-impeachment

Carreatas e protestos cobrando o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram registrados ao longo deste sábado, 23, em dezenas de cidades do País, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

Organizadas por entidades e partidos da oposição, as manifestações cobraram o chefe do Executivo por sua atuação na pandemia. Os pedidos de vacina e de afastamento deram o tom dos atos, marcados por críticas ao atraso na imunização da população contra a covid-19.

Na capital federal, de acordo com a assessoria da Polícia Militar, cerca de 500 veículos participaram do protesto.

Em São Paulo, a carreata começou na Assembleia Legislativa, em frente ao Parque Ibirapuera, passou pela Avenida Paulista e terminou na Praça Roosevelt, acompanhada também por ciclistas e motociclistas. Do alto de um carro de som, políticos se revezaram ao microfone, incluindo o ex-candidato do PSOL à Presidência e à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. "Estamos aqui para dizer que não vamos esperar até 2022; são vidas que estão em jogo. É agora o momento de derrotar Jair Bolsonaro", discursou Boulos, um dos organizadores do protesto.

De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), integrante da coordenação das manifestações, foram registradas carreatas em 87 cidades.

No Rio, a manifestação reuniu cerca de 100 carros e causou lentidão no trânsito, mas sem ocorrências, de acordo com a Polícia Militar. A carreata ocupou uma faixa de uma das principais avenidas da cidade, a Presidente Vargas.

<b>Esquenta</b>

Além de PSOL e CUT, a coordenação nacional das manifestações incluiu as frentes Brasil Popular e Brasil sem Medo, reunindo ainda PT, PSTU, PDT, PSB, PCdoB e Rede. Ao som de buzinas, manifestantes pediram o fim da gestão do presidente da República. "Acabou, acabou! Vai embora (Bolsonaro), leva toda a sua gangue", gritou uma manifestante na capital federal. Na avaliação da porta-voz do partido Rede Sustentabilidade no DF, Ádila Lopes, a mobilização de ontem foi um "esquenta" para o ato previsto para o dia 31 de janeiro, véspera da eleição para as presidências da Câmara e do Senado (cabe ao titular da Câmara dar andamento a qualquer pedido de impeachment).

Para Ádila, o apoio de movimentos de direita ao impeachment de Bolsonaro mostra uma oportunidade de convergência em prol da democracia: "Quando você chega a situações delicadas como a que a gente tem, essas movimentações tendem a ir caminhando para um funil, de modo que, em algum momento, se encontrem". A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também marcou presença na carreata em Brasília, convocou a população a manter as cobranças pela saída do presidente Bolsonaro em manifestações, panelaços e pressão nas redes sociais.

Conforme o Estadão mostrou, atores políticos que estiveram em lados opostos durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff agora pedem juntos a saída de Bolsonaro. É o caso da Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que apoiaram a petista em 2016, e o MBL e o Vem Pra Rua. Entretanto, os protestos organizados por cada grupo estão sendo marcados para dias separados.

O Acredito, movimento de renovação política, e os grupos de esquerda organizaram seus protestos ontem, enquanto os grupos de direita marcaram seus atos para este domingo.

<b>Popularidade</b>

Influenciada pela situação da pandemia da covid-19 no País, marcada pela crise no fornecimento de oxigênio na rede de saúde de Manaus (AM), a popularidade do presidente já se mostra abalada.

Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira indicou aumento do número de insatisfeitos com Bolsonaro: 40% da população avalia sua atuação como ruim ou péssima, comparado com 32% que assim o consideravam na edição anterior da sondagem, no começo de dezembro.

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