Em carta aberta ao primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia, o vice-chanceler da Áustria, Werner Kogler, reiterou a oposição do país ao acordo comercial do bloco europeu com o Mercosul. Segundo ele, o governo austríaco "fará o máximo" para impedir a ratificação do tratado.
No documento, Kogler afirma que o pacto contraria o compromisso da UE com uma recuperação econômica compatível com as ambições climáticas e ambientais. "As extensivas queimadas na região Amazônica, combinadas com o modelo agroindustrial intensivo da produção agrícola dos países do Mercosul, vão exacerbar o aquecimento global", alega.
O político, membro do Partido Verde, critica a decisão do governo português de incluir a conclusão da integração comercial em sua lista de prioridades para a gestão na presidência do Conselho Europeu. "Eu então peço a você, querido primeiro-ministro Costa, que garanta que uma votação do acordo comercial UE-Mercosul ocorra de forma aberta, sem nenhum tipo de manobra política e com completa atenção do público", exorta.
Finalizado em 2019 após mais de 20 anos de negociações, o acordo ainda precisa ser ratificado pelos legislativos em cada uma das duas regiões, mas tem sido alvo de resistências por conta da insatisfação com a política ambiental dos países sul-americanos, sobretudo o Brasil.
No ano passado, o parlamento austríaco aprovou uma resolução que rejeita o texto. A França também emergiu como outra fonte de oposição ao tratado, depois que o presidente Emmanuel Macron afirmou que comprar a soja brasileira significa endossar o desmatamento da Floresta Amazônicas. Conforme mostrou reportagem do <i>Estadão/Broadcast</i>, o impasse expõe a falta de clima no Parlamento Europeu para a assinatura do acordo.