Representantes da concessionária Desenvolvimento Rodoviário (Dersa), Prefeitura, empresários, entidades de classe e moradores das regiões a serem afetadas com a construção do trecho Norte no Rodoanel se reunirão nesta quarta-feira, a partir das 17h, no Open Hall, para discutir novamente os impactos decorrentes da obra e as alternativas para evitar prejuízos. O principal debate da audiência pública deve ficar em torno do traçado do Rodoanel, que deve rodear o lado Sul da Serra da Cantareira, em Guarulhos.
A questão, entretanto, é considerada pequena diante dos inúmeros benefícios que o Rodoanel trará à cidade. Empresários, representantes de entidades de classe e políticos são unânimes em afirmar que a obra é fundamental para a mobilidade urbana de toda Grande São Paulo e para o crescimento da economia local, uma vez que o município é conhecido como um grande celeiro industrial, pela capacidade de escoar a produção por rodovias.
Presidente do diretório municipal do PSDB e suplente de deputado federal, o empresário Carlos Roberto ressalta que a construção do trecho Norte possibilitará o esvaziamento de rodovias importantes, hoje congestionadas pela falta de investimentos. "Vamos observar um esvaziamento significativo da Dutra e Fernão Dias, uma vez que os governos não investiram o suficiente para garantir a mobilidade necessária", considerou Carlos Roberto.
A mesma opinião tem o presidente da Associação dos Empresários de Cumbica (Asec), Aarão Rubens de Oliveira. Ele ressalta que a obra é necessária também para a manutenção das empresas instaladas na cidade e para atrair novos empreendedores, o que contribuiria para a geração de emprego e renda. "As melhoras são visíveis nas cidades cortadas pelo Rodoanel e aqui não será diferente. Hoje não podemos ter a Dutra como uma avenida", afirmou Oliveira, que também preside a Associação dos Comerciantes de Material de Construção de São Paulo.
O presidente da Associação Comercial Empresarial (ACE), Wilson Lourenço, ressalta a importância da revisão do traçado, que em sua avaliação serviria como um facilitador para ocupações irregulares. "Isto porque o Rodoanel vai cortar alguns bairros. Acreditamos que esse trecho deveria passar por cima da área urbana", avaliou Lourenço. Ele acredita que se não houver mudanças no projeto, no prazo de 10 anos a cidade contará com mais um núcleo de bairro, composto por escolas, postos de saúde e comércios.
No dia 15 de dezembro, Lourenço entregou aos representantes da Dersa um ofício, destacando a discussão do traçado para que não seccione o município. Ele propõe ainda, como forma de compensar o município pelos impactos do Rodoanel, a construção de uma pista paralela, com acessos aos bairros que ficam ao norte da cidade.
Além da preocupação com futuras invasões, a deputada federal Janete Pietá (PT) lembra que essa revisão do traçado é essencial para que a cidade não tenha bairros isolados. "O Governo do Estado precisa discutir melhor essa questão junto à Prefeitura e aos moradores das regiões afetadas com as obras", disse a deputada. Procurado, o deputado estadual eleito Alencar Santana (PT) não foi encontrado e não retornou às ligações da reportagem.
Liberação de rodovias deve atrair empresas à cidade
Além dos benefícios diretos no tráfego, a expectativa em relação a construção do trecho Norte do Rodoanel é de aquecimento da economia local. De acordo com o presidente da Asec, Aarão Rubens de Oliveira, o desafogamento de rodovias como a Dutra e Fernão Dias servirá como atrativo para as empresas interessadas em ter negócios em Guarulhos, pela mobilidade urbana.
"A capacidade de escoar a produção será aumentada e isso servirá não só para manter as atuais empresas na cidade, mas também atrair novos investidores. A chegada de novos empreendedores possibilita a formação de uma cadeia de geração de emprego e renda", explicou o empresário.
Com aproximadamente 43 km de extensão, o trecho Norte do Rodoanel passará por Guarulhos, Arujá e São Paulo, inteligando as rodovias dos Bandeirantes e Presidente Dutra. A expectativa decorrente da obra é também de valorização dos imóveis nos entornos, como registrado nos trechos já concluídos.
De acordo com reportagem publicada pelo Guarulhos Hoje no último dia 5 de janeiro, no trecho Sul do Rodoanel, estudos com as prefeituras de Diadema e Mauá apontaram valorização de até 32% dos imóveis e terrenos em um raio de até 15 quilômetros dos acessos de diferentes rodovias, como Anchieta, Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco, Imigrantes, Raposo Tavares e Regis Bittencourt. Além disso, houve um aumento de 100% nos pedidos de projetos comerciais e residenciais no último ano.
