Bairros baixos com água disponível todos os dias, enquanto a população dos bairros altos ficam sem água nas torneiras e só acesso com encomenda de caminhões pipas. Essa seria a realidade de Guarulhos sem o rodízio de água adotado nos bairros.
Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), sem a distribuição controlada as pessoas de bairros altos "nunca teriam água, gerando-se uma situação de calamidade pública, já que ninguém vive sem água". A declaração está em resposta a requerimento do vereador Ricardo Rui (PPS) pelo diretor do Departamento de Manutenção e Operação do Saae, Sérgio Braga.
O mesmo documento revela que o Saae não possui estudos específicos sobre o rodízio. A autarquia restringe a distribuição de água nos bairros por intermédio de informações operacionais e do Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água. O diretor afirma que as caixas dágua devem possuir o volume suficiente para o consumo de um dia, o que é normalmente a duração da falta de água no rodízio.
O engenheiro civil Eduardo Martins, presidente da Associação dos Engenheiros de Guarulhos (Asseag), afirma que mesmo sem estudos específicos, o Saae não teria outra medida a não ser o rodízio para evitar o desabastecimento de algumas áreas. "Precisamos de mais investimentos para aumentar a produção de água e a proteção do meio ambiente", diz.
Segundo o fundador do Saae e engenheiro civil especialista em hidrologia, Plínio Tomaz, o sistema de rodízio é utilizado em toda a Região Metropolitana de São Paulo por falta de alternativas melhores de abastecimento. Já o vereador Ricardo Rui (PPS), que estuda a falta de água na cidade, analisa que a vinda de novos condomínios pode aumentar a necessidade de rodízio.
Saae diz que aumentou demanda
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) afirma que o aumento de consumo de água registrado nos últimos anos na cidade reflete o aumento de disponibilidade de água e que a cidade possui uma "demanda reprimida".
De acordo com a autarquia municipal o rodízio tem sido feito para reduzir as diferenças de déficit nas regiões da cidade. "Como exemplo, pode-se citar o abastecimento dos bairros Haroldo Veloso e Santos Dumont, que antes dependiam exclusivamente dos poços profundos", diz a nota.
O Saae afirma que todos os projetos realizados tomam por base o Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água, elaborado entre 2002 e 2003, e orienta o abastecimento local até 2025, determinando como, onde e quando alocar com melhor eficiência os recursos disponíveis.
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