Cidades

Especial Água – Falta de água chegava a 15 dias na década de 1990

Direção do Saae afirma que escassez de água era pior antes da administração petista

Apesar da falta de água na cidade, a situação nem chega perto ao enfrentado pelos guarulhenses na década de 1990. Bairros altos da periferia chegavam a ficar até 15 dias sem água. A atual direção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) afirma que o problema de escassez era caótico antes de o PT comandar a autarquia municipal em 2001.

Segundo o fundador do Saae e especialista em hidrologia, Plínio Tomaz, a quantidade de água repassada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) era bem inferior ao índice atual. "Eram poucos reservatórios e quando estourava algum adutor era difícil controlar a situação", conta.

O engenheiro civil Eduardo Martins, presidente da Associação dos Engenheiros de Guarulhos (Asseag), explica que as redes de água possuíam pouca vazão, o que retardava o abastecimento dos bairros elevados. "Teve anos nas gestões Néfi e Jovino que a Sabesp cortou a água por dias por falta de pagamento do Saae", afirma.

População reclama do revezamento

Enquanto alguns guarulhenses afirmam que se acostumaram com o rodízio de água, outros alegam que o sistema prejudica as atividades básicas e que há falta de água em vários dias da semana em algumas casos.

A diarista Echille Kelle do Espírito Santos, 29 anos, moradora do Jardim Papai, diz que ficou sem água por seis dias na semana passada. "Meu marido, meu filho de 4 anos e eu tivemos que tomar banho na casa da minha cunhada e compramos água para fazer comida e lavar o rosto. Foi horrível", conta.

A dona de casa Maria do Carmo Rocha da Paixão, 56, do Jardim Paraíso, afirma que é comum não ter água nos finais de semana. "No domingo as mulheres precisam lavar roupa e muitas vezes não podem pela falta de água", explica. Ela diz que os familiares tomam banho somente após a meia-noite em dias de rodízio para não desabastecer a caixa de água. "Limitamos o banho para utilizarmos em necessidades mais importantes, como na privada e na louça", diz.

A administradora Rosangela Souza de Santana, 24, do Parque Continental 3, afirma que a família comprou há dois meses uma segunda caixa de água para não ficar sem abastecimento.

REPORTAGEM – Na edição de terça-feira, o HOJE iniciou a série "Especial ÁGUA" para tratar dos problemas de abastecimento de Guarulhos. A reportagem revelou que o déficit de água no município chega a 20%, segundo o próprio Saae. Isso significa que um em cada cinco habitantes ficaria sem água sem o controle do consumo pelo poder público através do rodízio. Foi retratado também o aumento de consumo, cuja previsão de crescimento é de 21% em relação ao ano passado. Acompanhe na quinta a continuação do "Especial ÁGUA".

Leia a primeira parte do "Especial Água", publicada nesta terça, aqui 

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