Agora no menor nível de encerramento desde 7 de julho (97.761,04), o Ibovespa acompanhou à tarde a acentuação das perdas em Nova York e fechou o dia em queda de 1,81%, aos 98.289,71 pontos, devolvendo os ganhos da semana (-0,07%) e acumulando perdas pela terceira consecutiva, após as baixas de 2,84% e de 0,88% nas duas anteriores. No mês, o índice retorna a terreno negativo, em retração de 1,09%, elevando as perdas a 15,01% no ano. O giro financeiro totalizou R$ 27,8 bilhões na sessão, marcada também por forte avanço do dólar à vista (+2,79%, a R$ 5,3776 no fechamento) e inclinação da curva de juros, com a aversão a risco.
No exterior, a semana chega ao fim em tom de decepção, com a falta de novas iniciativas na política monetária das maiores economias, especialmente nos EUA, e os sinais de retomada da covid-19, particularmente neste verão europeu, o que contribui para mitigar o entusiasmo quanto aos sinais de recuperação da atividade no Hemisfério Norte. As perdas acumuladas na Europa e nos EUA, contudo, foram moderadas na semana, chegando a 1,49% no FTSE MIB, de Milão, e a 0,64% no S&P 500, de Nova York.
"O viés é negativo: o Ibovespa parece mais perto de se direcionar aos 96 mil pontos no curto prazo do que de voltar a testar os 103 mil, uma região de ursos defendendo posição. Ainda temos uma correção normal, como no exterior, com a diferença de que lá fora andou bem mais. Aqui as incertezas fiscais e políticas continuam pesando, assim como a falta de reação das ações de bancos", aponta Márcio Gomes, analista da Necton.
Nesta sexta-feira, as perdas se disseminaram por empresas e setores, e mesmo Vale ON, que resistia mais cedo em alta, acabou cedendo, em baixa de 0,68%, na mínima do dia no fechamento. A escalada do dólar na sessão contribuiu para colocar a exportadora Suzano (+2,10%) na face positiva do Ibovespa, acompanhada apenas por Raia Drogasil (+1,29%) e Magazine Luiza (+0,07%).
No lado oposto, Cielo puxou a fila, em baixa de 6,58%, seguida por Lojas Renner (-4,97%), BTG (também -4,97%) e IRB (-4,91%). Entre as blue chips, perdas acima de 2% para Petrobras (PN -2,26% e ON -2,23%) e de até 2,57% para bancos (Santander).
Apesar do dia negativo, e de o Ibovespa vir testando com frequência maior o território abaixo dos 100 mil, o mercado ampliou o otimismo sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira.
Num total de 14 respostas, 64,29% disseram que a expectativa é de ganhos para o Ibovespa na próxima semana, enquanto apenas 7,14% acreditam em baixa. Os que esperam estabilidade para a Bolsa no período entre os dias 21 e 25 de setembro são 28,57%. No levantamento da semana passada, 57,14% esperavam que a presente semana seria de alta para o índice; 35,71%, de queda, e 7,14% previam variação neutra.
Na sessão desta sexta, o índice tocou máxima a 100.101,91 pontos, saindo de 100.097,73 pontos na abertura e chegando, na mínima, aos 98.044,81. Nas últimas sete sessões, desde o dia 10, fechou abaixo dos 100 mil em quatro ocasiões.
Desde a terça-feira, o Ibovespa alternou perdas e ganhos, ora acima, ora abaixo dos seis dígitos – o último pregão em que conseguiu se sustentar acima dos 100 mil ao longo de toda a sessão foi em 9 de setembro, após a correção iniciada pouco antes do feriado do dia 7 nos EUA (Trabalho) e no Brasil (Independência), quando NY vinha de máximas renovadas e passou a realizar lucros, especialmente a partir do setor de tecnologia.