Obama e Kamala atacam Trump no 3ª dia de convenção

A noite mais esperada da convenção democrata foi marcada pelas duras críticas ao presidente Donald Trump feitas pela senadora Kamala Harris, vice na chapa de Joe Biden, e pelo ex-presidente Barack Obama. Em um dos discursos mais contundentes contra o republicano desde que deixou a Casa Branca, Obama disse que Trump nunca "sentiu o peso do cargo" e tratou a presidência como se fosse um reality show para ganhar atenção.

A consequência, segundo o ex-presidente, são 170 mil americanos mortos. "Milhões de empregos perdidos. Nossos piores impulsos soltos, nossa orgulhosa reputação ao redor do mundo diminuída drasticamente e nossa democracia e nossas instituições ameaçadas como nunca antes", disse Obama.

A eleição deste ano, segundo Kamala, é um "ponto de inflexão". "O caos constante nos deixa à deriva. A incompetência nos dá medo. A insensibilidade nos faz sentir sozinhos. É demais", afirmou a senadora. "Neste momento, temos um presidente que transforma nossas tragédias em armas políticas. Joe será um presidente que transformará nossos desafios em propósitos."

O discurso de Obama foi um tom acima do que ele costuma adotar. Desde 2017, ele tem feito poucas e pontuais aparições. A ex-primeira dama Michelle Obama já relatou que o silêncio do marido, em alguns momentos, a incomoda.

"Eu nunca esperei que meu sucessor fosse abraçar minha visão ou continuar minhas políticas. Mas eu esperava, pelo bem do nosso país, que Donald Trump pudesse mostrar algum interesse em levar o trabalho a sério, que ele sentisse o peso do cargo e descobrisse alguma reverência pela democracia que fora colocada sob seus cuidados. O que ele nunca fez", disse o ex-presidente. "Ele não mostrou interesse em trabalhar. Nenhum interesse em tratar a presidência como algo além de um reality show que ele pode usar para obter a atenção que deseja."

Nas últimas três noites, os democratas têm apresentado Trump como um presidente inexperiente, incapaz de liderar o país em um momento de crise e sem comprometimento com os americanos. "Donald Trump é o presidente errado para este país", disse Michelle Obama, na segunda-feira.

Nesta quarta, 19, Obama repetiu a mensagem de sua mulher. "Donald Trump não cresceu no cargo porque ele não consegue", afirmou o ex-presidente. Hillary Clinton, ex-secretária de Estado e candidata derrotada em 2016, também discursou e seguiu a mesma linha. "Eu gostaria que Donald Trump tivesse sido um presidente melhor. Mas, infelizmente, ele é quem ele é", afirmou.

A receita de apresentar Biden como a única alternativa para retirar o país da crise foi repetida nos três dias da convenção, mas ganha mais importância na voz de Obama, que teve Biden como vice. "Há 12 anos, quando comecei uma busca por um vice-presidente, não sabia que encontraria um irmão", disse Obama.

Para vencer, Biden precisa que um eleitorado tipicamente democrata se empolgue para votar em escala maior do que o registrado quando Hillary disputou a eleição. Por isso, é crucial motivar jovens, negros, latinos, mulheres e moderados desgostosos com a política.

A noite de ontem oficializou o nome de Kamala como a primeira mulher negra a disputar a vice-presidência dos EUA por um grande partido. Ao falar de sua trajetória pessoal, a senadora disse que está comprometida com valores que aprendeu com sua mãe – uma imigrante indiana. "Uma visão de país como sendo uma comunidade amada, onde todos são bem-vindos, não importa a aparência, de onde viemos ou quem amamos", disse.

Os democratas também fizeram um apelo para os que os eleitores se mobilizem para votar. Como o voto não é obrigatório nos EUA, o comparecimento pode ser crucial. Foi essa a mensagem passada por Hillary, que teve 3 milhões de votos a mais que Trump, em 2016, mas perdeu no colégio eleitoral. "Por quatro anos, as pessoas me disseram: Não percebi o quanto ele era perigoso. Gostaria de poder voltar e fazer de novo. Ou pior: Eu deveria ter votado", disse Hillary. "Chame um amigo e use uma máscara. Não importa, vote como se suas vidas estivessem em jogo. Porque elas estão."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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