Quando se fala em patrimônio cultural é preciso abranger vários fatores como o histórico, comunitário, artístico, ambiental, entre outros mais. O Teatro Padre Bento, por exemplo, traz um conjunto de qualidades que nos obriga a racionalizar para a conservação deste espaço tombado em nível municipal e estadual.
O prédio foi o primeiro cinema de Guarulhos e também serviu de salão de festa para os hansenianos, durante as décadas da internação compulsória decretada para os doentes com o Mal de Hansen. O Complexo Padre Bento era uma mini cidade com administração própria pela caixa beneficente mantida pelos próprios internos. O complexo também contava com campo de futebol, piscinas e escola. A estrutura era mantida para isolar os enfermos do resto da sociedade.
Teatro Padre Bento, em 1934. A rua era de terra e a não havia grades. Acervo: Arquivo Histórico Municipal
Após o fim da internação compulsória na década de 1960, o espaço do antigo sanatório começou a ser utilizado pela população. Porém, o cinema ficou abandonado por vários anos, mas em 2007 o prédio foi restaurado pela Prefeitura de Guarulhos e reaberto como teatro.
Rua Francisco Foot -Teatro Padre Bento, em 2013. O prédio sofreu poucas alterações.
Acervo: AAPAH/Marcelle Marques de Andrade
Atualmente, o Teatro Padre Bento está fechado para as atividades artísticas. Um patrimônio cultural depende da utilização para ser conservado. Um teatro sem artistas e sem público é apenas mais um prédio. A população fica carente de opções de lazer e restringida ao direito de ocupar uns dos patrimônios históricos.
*É historiador, responsável pelo Núcleo de Patrimônio Cultural da AAPAH, coautor dos livros “Cecap Guarulhos – Histórias, Identidades e Memórias” e “Guia Histórico Cultural de Logradouros – Lugares e Memórias de Guarulhos”.