Muito distante das multidões que o ex-presidente Evo Morales costumava convocar, os novos candidatos do partido dele deram início à corrida eleitoral ontem, com vistas à eleição geral de 3 de maio.
O cenário foi a populosa cidade de El Alto, vizinha à capital La Paz e um dos principais redutos de Morales. Pouco mais de 300 seguidores de Morales, quase todos de bairros populares, se reuniram para proclamar Luis Arce como presidente e David Choquehuanca como vice pelo Movimento ao Socialismo (MAS) em uma estação de teleférico local, uma das obras emblemáticas do governo de 14 anos do ex-presidente.
Arce foi ministro da Economia de Morales e teve uma gestão internacionalmente elogiada. Ele é um profissional de classe média, com estudos em Londres e sem passado político. Já David Choquehuanca, ex-chanceler, é um indígena aymara preferido muitos dos membros do MAS, um partido que aglutina principalmente organizações indígenas, rurais e a classes populares urbanas.
"Temos de reconhecer que, por fazer as coisas bem, cometemos erros e temos de corrigi-los porque as pessoas clamam pelo avanço", disse Arce, em referência aos questionamentos sobre corrupção no governo Morales.
No entanto, ele diz que o governo "golpista de Jeanine Añez (<i>presidente interina</i>) está colocando em risco todos os avanços" de Morales. Uma copiosa chuva dispersou as pessoas no momento em que os candidatos falavam.
Morales monitora seu partido como chefe de campanha a partir de Buenos Aires, onde está asilado.
O MAS enfrenta uma oposição fragmentada com sete candidatos e cuja rival mais forte parece ser a presidente Añez, da aliança de centro-direita Juntos e que decidiu postular ao cargo, contradizendo uma promessa sua de priorizar a transição política do país depois da violenta crise que culminou na renúncia de Morales e a morte de 35 pessoas.
As pesquisas mostram o MAS na liderança, mas incapaz de conquistar um mandato no primeiro turno. Fonte: Associated Press.