Baiano de Ilhéus, Valdemir Néri da Hora, de 66 anos, conhecido como “Seo Da Hora” ficou 38 anos longe das salas de aulas. Até que colocou uma idéia na cabeça: voltar a estudar e terminar a escola. Com 59 anos, ingressou em um supletivo para depois ingressar – há três anos – na Universidade Aberta da Terceira Idade (Uati), oferecida pela Universidade de Guarulhos (UNG).
Da Hora conta que se se afastou dos estudos quando era muito jovem ainda. Ao se casar precisou se dedicar ao trabalho para sustentar sua família. Durante muitos anos, ele atuou como marceneiro, uma profissão que lhe exigia grande esforço físico. Como carregava materiais pesados com até 60 quilos, adquiriu problemas de saúde e acabou se aposentando por invalidez.
Ele reconhece que era alertado pelos colegas sobre os riscos à sua saúde mas na época não ligava. “Quando você é jovem, pensa que o mundo é só seu e na realidade não é. A idade chega e você passa a sentir o peso dos seus desgastes”.
Do curso supletivo à Universidade
Quando tinha 59 anos, Da Hora decidiu ingressar em uma escola para fazer supletivo e terminar os estudos no ensino médio. No primeiro dia de aula, ele diz que sentiu uma coisa inexplicável. “Foi uma emoção grande, gelou , esquentou, tive vontade de chorar, foi muito forte”, emociona-se.
Pouco antes de concluir o curso, ele foi até a UNG. Ele conta que ao descer a rua do campus ficou olhando tudo e se imaginado ali dentro. “O coração disparou e a emoção me tomou. Chegou a cair lágrimas dos olhos e eu pensei: vou ficar aqui”.
Há três anos na Uati, o aposentado já participou de muitos cursos oferecidos pela faculdade como oficina da memória, teatro, computação e fisioterapia. Mas ele não para por aí. “Eu tenho sonhos. Quando você está vivo tem que ter objetivo e daqui eu só saio doutor. Quando eu sair da Uati vou fazer faculdade de Direito aqui na UNG. Depois eu volto pra Uati de novo mesmo que seja de bengalinha”. E concluiu: “Sou muito feliz de estar aqui, isso não tem que ter fim. Vou continuar feliz”.