Entre tantas coisas a pagar no início do ano, um dos itens que mais preocupam as famílias é a compra do material escolar das crianças. Para quem não se preparou para este gasto a mais, que se concentra nos meses de janeiro e fevereiro, é dor de cabeça na certa. Especialistas, empresas e pais contam como fazer para comprar todos os itens da lista de material escolar e não se enrolar em dividas.
Zilda Castilhos, de 44 anos é artesã. Ela tem um filho de 15 anos que cursa o ensino médio com técnico em informática. “Conforme os anos passam a lista diminui, só a folha sulfite que sempre está presente” explicou a artesã.
O filho de Zilda acompanha a mãe nas compras. “Levo ele sempre comigo, ele escolhe o próprio material, antes comprava tudo com tema, hoje apenas uma coisa ou outra”, comenta a mãe que garante só comprar depois de pesquisar muito.
Segundo a artesã, a escola deu a opção de pagar as apostilas deste ano junto com a rematrícula. Até agora ela já gastou R$ 800 e pretende gastar mais R$ 200 com itens de papelaria. Porém, Zilda diz que durante o ano outras despesas com materiais aparecem também.
A fotografa Daniela Ladin, de 39 anos, é mãe de dois filhos. Yan, de 13 anos, está na 8ª série e Luna, de 6 anos, que está no 2º ano. Daniela conta que a escola tem uma taxa para os livros, que chegou a R$1.500 com os dois filhos. “Ficou faltando agora os itens de papelaria. Espero gastar cerca de R$ 300”, contou.
Daniela explica que para poupar costuma reutilizar matérias de outros anos. “Algumas coisas como lápis de cor e canetinhas se tiverem em bom estado voltam a ser utilizados”.
Regras para as listas de material
Segundo a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, as escolas só podem solicitar materiais utilizados em atividades pedagógicas diárias como folhas de sulfite, papel dobradura, tinta guache, lápis e outros. Além disso, as quantidades devem ser coerentes com as atividades praticadas pelo aluno durante o ano e as marcas não podem ser impostas pela escola.
Materiais de uso comum como produtos de higiene, limpeza e atividades de laboratório não podem ser incluídas na lista de material escolar. Está regra pode ser encontrada no Código de Defesa do Consumidor.
Os pais e responsáveis devem receber a lista para que tenham a liberdade de pesquisar preços e marcas dos materiais solicitados. Com esta regra, a escola não pode exigir que o material seja comprado em um estabelecimento específico.
Filhos nas compras podem atrapalhar
Assim como Zilda, a mãe Daniela também leva os filhos para a escolha do material, mas especialistas alertam que esta atitude pode elevar os gastos. Segundo Reinaldo Domingos, educador e terapeuta financeiro, é necessário ter uma conversa franca com o filho sobre a situação financeira da família antes de sair de casa.
Reinaldo explica que um dos maiores gastos do começo do ano é com o material escolar, porém a falta de educação financeira faz com que as despesas se acumulem e as famílias acabem ultrapassando seu orçamento e tenham dificuldade para comprar todos os itens da lista.
O educador orienta que se reflita o quanto é necessário trabalhar para conseguir o salário. “Esta dica é importante, pois a partir deste pensamento fica mais fácil valorizar o dinheiro, mas também é importante aprender a procurar o melhor preço e negociar o valor das compras”.
Supermercado dos papéis
Um dos endereços mais procurados para a compra dos materiais escolares, em Guarulhos, além das papelarias localizadas no Centro e em alguns bairros, é a Kalunga, que se destaca por ser a maior varejista de suprimentos de informática, material de escritório e papelaria. Funciona como um supermercado. A rede se mobiliza entre os dias 2 de janeiro e 15 de março com campanhas promocionais para atingir o público que procura materiais para a volta às aulas.
A empresa espera crescer 20% a mais do que em 2014 no mesmo período. “A volta às aulas é o Natal das papelarias, e, embora o público principal da Kalunga seja o de pessoa jurídica, temos importante tradição nessa época do ano. As vendas começam a aquecer ainda em dezembro, quando atendemos os pequenos varejistas, e se intensificam em janeiro, mês em que as famílias saem às compras com suas listas. Nesse período, reforçamos a equipe de atendimento nas lojas e nos centros de distribuição e ampliamos o horário de atendimento em alguns endereços”, explicou o diretor comercial da rede, Hoslei Pimenta.
A Kalunga também aposta em uma linha exclusiva de produtos licenciados como agendas, cadernos, mochilas, lancheiras, estojos e outros itens do dia a dia dos estudantes.
Os pais podem aproveitar também a campanha de reciclagem de cadernos. A cada 1 kg de cadernos sem capa e espiral, a Kalunga oferece R$ 1 de desconto na compra de novos cadernos Spiral e papel sulfite Chamequinho. O limite é de 50 kg por CPF. Em 2014, foram arrecadadas 49 toneladas de papel, destinados a oficinas de reciclagem na Grande São Paulo.
Atendimento diferenciado
Há aqueles pais que procuram um serviço mais exclusivo; Um exemplo é a papelaria Nipon Digital, que tem duas unidades na cidade. O estabelecimento, que tem 28 anos de portas abertas, há 15 anos decidiu inovar e levar aos clientes uma assessoria do desenvolvimento pedagógico. “A organização do ano letivo, começa com o material escolar, o aluno precisa disso para começar a estudar”, explicou o proprietário Edgar Yukio Savaki.
Edgar conta que seus clientes se dividem em pais que não tem tempo de ir até a loja e por isso mandam as listas e recebem em casa ou na escola e pais que preferem ir até a loja, pesquisar, escolher marcas e modelos.
A loja se prepara para a volta às aulas a partir de 15 de novembro. “Hoje as escolas adiantam a lista de material para facilitar. Muitas pessoas viajam nesta época do ano e não tem tempo de ir às compras, com isso nós também podemos facilitar o pagamento para que o responsável não se complique financeiramente no começo do ano”, explica o empresário.
Dicas para economizar:
1. Procure conversar com outros pais e tentar fazer a compra em conjunto, pois, assim, a probabilidade de conseguir preços menores aumenta;
2. Junte o material escolar do ano anterior e veja a possibilidade de reutilizá-los. É possível ainda reaproveitar livros didáticos do filho mais velho para o mais novo, se for o caso. Se não der, faça uma boa ação e doe o material para crianças ou jovens de famílias que não possuem condições de comprá-los;
3. Faça uma lista do que se precisa comprar, para não se perder e acabar rendendo-se aos impulsos consumistas, deixando de economizar;
4. Converse com os filhos antes de sair às compras, explicando a situação em que a família se encontra e quanto poderão gastar com os materiais. Caso contrário, será muito fácil ceder aos desejos deles e, com isso, gastar mais do que o planejado;
5. Quando estiver na loja, seja sincero e explique ao vendedor de forma clara o que você precisa, buscando sempre a melhor opção de pagamento. Sempre pergunte quanto aquele produto custa à vista? Isso proporcionará bons descontos. Se tiver que pagar a prazo, veja se as parcelas caberão no orçamento mensal.