Quinta-feira, dia 18 de junho, cerca de duas mil pessoas marcharam em direção à Prefeitura de Guarulhos, no Bom Clima, para exigir do prefeito Sebastião Almeida (PT) e do secretário municipal de Saúde, Carlos Derman (PT), melhores condições na saúde pública nos hospitais e unidades de atendimento da cidade. À frente do movimento, o bispo diocesano dom Edmilson Amador Caetano.
A multidão, formada em sua maioria por fiéis da igreja católica que se mobilizaram por toda a cidade em defesa da saúde pública, foi recebida no Paço já no início de uma noite fria, típica do final de outono. No palanque, Almeida e Derman, que usaram a palavra para fazer discursos típicos de quem está em campanha eleitoral. Criticaram a estrutura da saúde no país, atacaram o Governo do Estado, garantiram que já fizeram muito e até admitiram que há problemas.
Prefeito e vice são vaiados em palanque
Os dois esqueceram apenas que estão no cargo já há seis anos e meio. "Não é o momento de falar de tudo que foi feito pela saúde, mas reconhecemos as dificuldades e os problemas. A saúde é cara e exige grande investimento", disse Derman.
Já o povo que assistia aos discursos no palanque montado para o ato da igreja católica não perdoaram a dupla. Tanto Almeida como Derman foram vaiados durante suas falas, consideradas evasivas e sem apresentar qualquer solução para a população.
Almeida chegou a dizer que ficou sabendo da reforma do Pronto Socorro do Hospital Estadual Padre Bento pela imprensa. Fugindo de qualquer responsabilidade, o chefe do Executivo citou a falta de uma faculdade de medicina em Guarulhos, que serviria para formar profissionais e ofereceria mão de obra para a saúde local como solução para os problemas.
Entre as reivindicações da Diocese, apresentadas em uma carta ao prefeito, estão a abertura de leitos, finalização das melhorias nas UBSs, aumento da verba para saúde e diminuição no tempo de atendimento.
Derman preferiu o silêncio à verdade
De cima do palanque, montado no Paço Municipal, talvez Derman pudesse ouvir o barulho das sirenes que chegam à todo momento ao Hospital Municipal de Urgências, localizado a uma quadra dali. Provavelmente, pelo cargo que tem, já sabia naquele momento que pacientes internados no HMU tinham morrido, depois de serem infectados por uma bactéria. Mas preferiu o silêncio e palavras evasivas.
Naquela quinta-feira, dia 18 de junho, quatro pacientes já haviam morrido no HMU em pouco mais de 40 dias, fato que só se tornou público nesta terça-feira, após o GuarulhosWeb ter divulgado que o hospital teria seu setor de emergências fechado. Somente quando a imprensa chegou nas portas já fechadas do HMU, a Secretaria Municipal de Saúde se dignou a prestar as informações oficiais.
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