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Guarulhos apresenta índices baixos em qualidade de vida, segundo Seade

O Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e a Fundação Seade divulgaram nesta quinta-feira os resultados da oitava edição do Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS, com dados de 2012. O IPRS foi criado em 2000, quando a Assembleia Legislativa solicitou à Fundação Seade a construção de indicadores que expressassem o grau de desenvolvimento social e econômico dos municípios paulistas.
 
Guarulhos apresenta resultados bastante preocupantes. A análise das condições de vida de seus habitantes mostra que a renda domiciliar média era de R$2.148, sendo que em 19,6% dos domicílios não ultrapassava meio salário mínimo per capita. O indicador é composto de três dimensões – riqueza, escolaridade e longevidade – e em cada uma delas foram criados indicadores que permitem hierarquizar a posição de determinada unidade territorial (município, região administrativa – RA, região metropolitana – RM e Estado). 
 
Desde que o prefeito Sebastião Almeida (PT) assumiu a Prefeitura em 2009, Guaruhos despencou no ranking estadual de riqueza. Ele assumiu em 2009 no primeiro mandato uma cidade que ocupava a 36ª colocação no ano anterior. Em 2010, perdeu duas posições para chegar ao final de 2012 apenas na 42ª posição. 
 
 
Esses indicadores são expressos em uma escala de 0 a 100. Além disso, a combinação das três dimensões propicia uma tipologia que classifica os 645 municípios do Estado de São Paulo em cinco grupos com características similares de riqueza municipal, longevidade e escolaridade da população.
 
 
Guarulhos, que integra a Região Metropolitana de São Paulo, possuía, em 2010, 1.209.382 habitantes. Em relação aos indicadores demográficos, a idade média dos chefes de domicílios era de 44 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 15,9% do total. Dentre as mulheres responsáveis pelo domicílio 16,1% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,0% do total da população.
 
Os sete grupos do IPVS resumem as situações de maior ou menor vulnerabilidade às quais a população se encontra exposta (Gráfico), a partir de um gradiente das condições socioeconômicas e do perfil demográfico (Tabela). As características desses grupos, no município de Guarulhos, são apresentadas a seguir.
 
Os grupos de vulnerabilidade social
 
O Grupo 1 (baixíssima vulnerabilidade): 19.678 pessoas (1,6% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$6.649 e em 1,7% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 43 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 14,8%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 17,7% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,3% do total da população desse grupo.
 
O Grupo 2 (vulnerabilidade muito baixa): 344.467 pessoas (28,5% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$3.000 e em 8,7% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 49 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 10,1%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 9,3% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 6,8% do total da população desse grupo.
 
O Grupo 3 (vulnerabilidade baixa): 261.688 pessoas (21,6% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$2.133 e em 14,9% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 42 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 21,0%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 22,4% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 9,1% do total da população desse grupo.
 
O Grupo 4 (vulnerabilidade média – setores urbanos): 235.969 pessoas (19,5% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.568 e em 25,3% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 45 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 12,9%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 9,9% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 8,9% do total da população desse grupo.
 
O Grupo 5 (vulnerabilidade alta – setores urbanos): 182.340 pessoas (15,1% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.415 e em 27,8% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 42 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 19,0%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 19,1% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 10,3% do total da população desse grupo.
 
O Grupo 6 (vulnerabilidade muito alta – aglomerados subnormais): 165.240 pessoas (13,7% do total). No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$1.133 e em 39,2% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 40 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 21,9%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 22,6% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 11,8% do total da população desse grupo.
 
 

Guarulhos

Nas edições de 2010 e 2012 do IPRS, Guarulhos classificou-se no Grupo 2, que agrega os municípios bem posicionados na dimensão riqueza, mas com deficiência em pelo menos um dos indicadores sociais.

riqueza

Riqueza:

Comportamento das variáveis que compõe esta dimensão no período 2010-2012:

– o consumo anual de energia elétrica por ligação no comércio, na agricultura e nos serviços manteve-se em 28,3 MWh;
– o consumo anual de energia elétrica por ligação residencial manteve-se em 2,3 MWh;
– o rendimento médio do emprego formal variou de R$ 2.218 para R$ 2.254;
– o valor adicionado fiscal per capita cresceu de R$ 25.960 para R$ 27.616.
Guarulhos acrescentou um ponto nesse escore no período, mantendo-se acima da média estadual. A despeito desse desempenho favorável, o município perdeu posições no ranking dessa dimensão.

longevidade

Longevidade:

Comportamento das variáveis que compõe esta dimensão no período 2010-2012:

– a taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) cresceu de 12,1 para 12,7;
– a taxa de mortalidade perinatal (por mil nascidos) aumentou de 12,4 para 13,1;
– a taxa de mortalidade das pessoas de 15 a 39 anos (por mil habitantes na faixa etária) manteve-se em 1,5;
– a taxa de mortalidade das pessoas de 60 a 69 anos (por mil habitantes na faixa etária) reduziu-se de 19,8 para 18,7.
Guarulhos registrou estabilidade no indicador agregado de longevidade, situa-se abaixo do escore estadual. Sua posição relativa no conjunto dos municípios piorou nesta dimensão.

escolaridade

Escolaridade:

Comportamento das variáveis que compõe esta dimensão no período 2010-2012:

– a taxa de atendimento escolar de crianças de 4 a 5 anos elevou-se de 84,3% para 95,9%;
– a média da proporção de alunos do 5º ano do ensino fundamental da rede pública, que atingiram o nível adequado nas provas de português e matemática elevou-se de 31,2% para 39,6%;
– a média da proporção de alunos do 9º ano do ensino fundamental da rede pública, que atingiram o nível adequado nas provas de português e matemática diminuiu de 13,9% para 13,1%;
– o percentual de alunos com atraso escolar no ensino médio reduziu-se de 19,2% para 16,7%.
O município realizou avanços nesta dimensão, somando pontos nesse escore no período, e melhorando sua posição no ranking, embora seu índice seja inferior à média estadual.
 
 
O ESTADO DE SÃO PAULO
 
 

O Estado de São Paulo atingiu, em 2012, a marca de 46 pontos em riqueza no IPRS, um avanço de um ponto em relação a 2010, o que reflete a estabilidade da economia paulista no período. Nos indicadores sociais ocorreram avanços importantes. O indicador de longevidade teve acréscimo de um ponto em relação a 2010, passando de 69 para 70. O indicador de escolaridade o Estado de São Paulo alcançou 52 pontos, um avanço de quatro pontos em relação a 2010.

Entre os dez municípios mais bem posicionados no ranking da dimensão riqueza do IPRS, seis apresentam importante adensamento industrial: Barueri (59 pontos), Paulínia (58 pontos), Louveira (57 pontos), Vinhedo, Cubatão (ambos com 55 pontos) e São Caetano do Sul (53 pontos).

 

Os dez municípios mais bem posicionados na dimensão longevidade são: Nova Castilho – RA de Araçatuba (96 pontos); Emilianópolis – RA de Presidente Prudente (92 pontos); Poloni – RA de São José do Rio Preto e Trabiju – RA Central (ambos com 91 pontos); Gastão Vidigal – RA de Araçatuba, Dolcinópolis – RA de São José do Rio Preto e Fernão – RA de Marília (todos com 88 pontos cada); Mendonça – RA de São José do Rio Preto (87 pontos); Água de São Pedro – RA de Campinas e Turiúba – RA de Araçatuba (ambos com 86 pontos).

 

Entre os municípios com indicadores de escolaridade mais elevados do Estado, três localizam-se na RA de São José do Rio Preto (Adolfo, Meridiano e Novo Horizonte). A proporção de municípios dessa região com alta escolaridade é de 69,8% e, entre eles, está o município-sede, São José do Rio Preto. Outras regiões do oeste/noroeste paulista que se destacam com alta escolaridade são as de Marília (59 pontos) e Araçatuba (58 pontos). Nestes casos, o que mais sobressai entre os componentes do indicador é a cobertura, pois a taxa de atendimento a crianças de 4 e 5 anos chega, respectivamente, a 98,4% e 98,6%. Encontram-se no grupo de alta escolaridade 65,1% dos municípios da RA de Araçatuba e 43,1% daqueles pertencentes à RA de Marília, incluindo, nos dois casos, os municípios-sede.

 

Em relação aos grupos do IPRS, destacam-se 70 municípios que se classificam no Grupo 1. São municípios com elevado nível de riqueza e bons indicadores sociais. Eles estão localizados, em sua maioria, ao longo dos principais eixos rodoviários do Estado (rodovias Anhangüera e Presidente Dutra), que se interceptam no município de São Paulo. Em 2012, abrigavam 9,9 milhões de pessoas, ou aproximadamente 23,6% da população estadual, tornando-o o segundo maior grupo em população. Quatro dos dez municípios paulistas mais populosos faziam parte dele: São Bernardo do Campo, Santo André, São José dos Campos e Sorocaba. A região que concentra mais municípios desse grupo é a Região Administrativa de Campinas, com 32 deles.

 

No outro extremo da escala no Grupo 5, caracterizado por abrigar os municípios mais desfavorecidos do Estado, tanto em riqueza quanto nos indicadores sociais, concentram-se 93 municípios, com população de aproximadamente 2,4 milhões de pessoas. Eles situam-se, primordialmente, em áreas bem específicas do Estado, nas RAs de Registro, Itapeva, Presidente Prudente e Marília e na RM do Vale do Paraíba e Litoral Norte.

 

 

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