Bolsa fecha em alta de 0,34%, a 121.113,93 pontos, com ganho de 2,93% na semana

Combinação entre dados econômicos da China, altos embora aquém do esperado, e um pouco menos de temor sobre o Orçamento de 2021, após reunião do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com representantes do setor financeiro, foi decisiva para manter o Ibovespa em terreno positivo no período da tarde desta sexta-feira, sustentando o nível de 121 mil pontos no fechamento pela primeira vez desde 18 de janeiro (121.241,63). Noticiário sobre empresas como Lojas Renner e Eletrobras também contribuiu para que o índice da B3 ganhasse maior dinamismo no meio da tarde.

Assim, o Ibovespa emendou o terceiro avanço semanal e o quinto ganho diário nesta sexta-feira, em sua mais longa série positiva desde a observada no intervalo entre 23 e 27 de novembro. Nesta sexta, fechou em alta de 0,34%, aos 121.113,93 pontos, entre mínima de 120.198,90 e máxima de 121.333,36 pontos, à tarde, com abertura a 120.700,67 pontos.

O giro financeiro ficou em R$ 35,3 bilhões. Na semana, o avanço foi de 2,93%, após ganhos de 2,10% e de 0,41% nas duas anteriores. No mês, sobe 3,84% e, no ano, 1,76%.

Apesar da incerteza sobre o Orçamento de 2021, que precisa ser sancionado até o dia 22, o sentimento do mercado melhorou ainda no começo da tarde, com a notícia de que Arthur Lira esteve reunido nesta sexta com representantes do mercado financeiro, no BTG Pactual, em encontro no qual buscou mostrar compromisso com as reformas, em particular a administrativa, e a privatização da Eletrobras, que prometeu colocar em andamento até o fim de maio.

"O exterior tem ajudado muito e nesta semana, lá fora, tivemos o dólar a 1,20 para o euro, yield da T-note de 10 anos abaixo de 1,60%, uma acomodação que se reflete também no VIX (índice de volatilidade das ações em Nova York, com base em opções sobre o S&P 500). Hoje, esta reunião do Lira no BTG ajudou de alguma forma, mas é preciso ver o que está por trás, uma debilidade do governo: Lira não é nem ministro da Economia nem presidente da República", observa Pedro Paulo Silveira, gestor da Nova Futura Investimentos.

"O Brasil continua muito atrasado em relação aos peers: é preciso melhorar a performance bursátil, e houve um pouco disso nesta semana", acrescenta Silveira, comparando o desempenho da bolsa brasileira com as de países como Chile, Israel, Taiwan, Rússia e Coreia. "O mercado não vê a hora de a confusão terminar e de o Orçamento ser equacionado."

"O mercado começa a mudar o foco, mudar a narrativa, com certo cansaço sobre Brasília. Nesta segunda e na terça, deve haver volatilidade, com o feriado na quarta e a data-limite para a sanção do Orçamento, na quinta. A tendência para este fim de abril, com maio chegando, é mais Economics e menos Politics, com o mercado passando a olhar mais para a reabertura da economia, o avanço da vacinação e os resultados das empresas. O exterior continua ajudando. Nesta semana, a curva de juros americana deu uma boa acomodada, contribuindo para a reprecificação dos ativos e também para estabilizar o câmbio. Em termos nominais, a Bolsa continua barata – e em dólar, nem se fala", diz Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos.

Nesta sexta, "houve redução na demanda pela segurança da divisa americana, enfraquecendo-se ante as moedas do G-10 por conta da perspectiva de crescimento acelerado na China e nos Estados Unidos, confirmada pelos dados econômicos". "Tivemos hoje sinalização positiva do exterior, apesar da semana pesada no doméstico, com CPI da Pandemia, Orçamento sem tratativa muito clara; pelo lado positivo, veio esta reabertura de São Paulo. O risco fiscal ainda pesa sobre o real, e o dólar dificilmente irá abaixo de R$ 5,50 enquanto não houver tratativa para o Orçamento e redução da percepção de risco sobre as contas públicas", diz Camila Abdelmalack economista-chefe da Veedha Investimentos.

Na B3, o dia "foi dividido pela alta dos setores de varejo e construção, impulsionados pela queda da curva de juros e, no lado do varejo, em meio a rumores em torno de fusões entre grandes nomes, como Arezzo e Hering, e Lojas Renner e Marisa. Do outro lado, uma alta mais tímida, beirando (em certos momentos) o negativo, no setor de commodities metálicas, algo natural depois de uma forte sequência de alta e com os dados aquém do esperado da economia chinesa em março", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

"O setor de varejo também responde à confiança do consumidor, em antecipação ao reaquecimento da atividade", aponta Davi Lelis, sócio e assessor da Valor Investimentos.

No começo da tarde desta sexta-feira, o governo de São Paulo anunciou que, a partir do sábado, o Estado ingressa em fase de transição nas medidas de distanciamento social, de forma a permitir, no dia 24, ampliação da reabertura da economia para serviços, restaurantes, salões e academias. A notícia contribuiu para firmar o viés positivo do Ibovespa na sessão, acima de 121 mil pontos.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, Lojas Renner fechou em alta de 11,91%, à frente de Hering (+6,66%) e de Eletrobras PNB (+5,15%). À tarde, a Lojas Renner confirmou em fato relevante que avalia a possibilidade de realizar oferta pública de distribuição primária. A Renner pondera, no entanto, que ainda não há definição final quanto à realização da oferta, sua estrutura, destinação de recursos ou volume. No lado oposto do Ibovespa, Natura fechou em baixa de 5,07%, Minerva, de 4,29%, e JBS, de 3,19%.

Entre as blue chips, Petrobras PN e ON cederam respectivamente 0,61% e 1,18%, enquanto Vale ON subiu 0,43% nesta sexta-feira, de desempenho ao final majoritariamente positivo também para siderurgia, com Usiminas em alta de 2,71% e CSN, de 2,02%. Os bancos também avançaram na sessão, com destaque para Bradesco ON (+1,40%) e Itaú PN (+1,12%).

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