O jornalismo passa por sua mais profunda revolução desde a invenção das rotativas. Muito em decorrência da globalização e da digitalização do cotidiano, que vêm transformando a vida das pessoas e desafiando as empresas de comunicação. A internet abriu as portas de um novo mundo e ampliou o acesso à informação de uma forma nunca antes vista.
As mídias sociais criaram um campo de transparência e acesso sem precedentes para a informação e o compartilhamento de opiniões. Se antes as pessoas eram passivas diante das informações divulgadas pela mídia, agora todos viraram comunicadores em potencial, podendo criar conteúdo e espalhá-lo por aí.
Na era digital, os conglomerados tradicionais de mídia têm sua sobrevivência condicionada à capacidade de transformação de seu modelo de negócios. As verbas publicitárias estão sendo deslocadas para as novas mídias. Hoje, mais de um quarto dos investimentos em publicidade já são destinados à internet. Isso tem levado a mídia tradicional a uma profunda transformação. E não se trata apenas de se tornar multimídia, mas sim de focar o negócio na produção de conteúdo customizado. No Brasil este movimento tem um componente adicional ainda mais explosivo: a crise política e econômica.
Em meio a este cenário, a comunicação corporativa tem enfrentado grandes desafios. Como posicionar as mensagens em um cenário fragmentado? Como a nova realidade digital e a possibilidade de customização das mensagens refletem na mudança de paradigma? Hoje as empresas têm muitas ferramentas e canais para se comunicar com os seus mais diferentes públicos, que vão muito além dos tradicionais press releases. Assim, a mensagem não pode ser pautada pelo que a empresa quer comunicar, mas pelo que o receptor está interessado em saber, discutir. É preciso vender boas histórias envelopadas em formatos inovadores, customizados para audiências específicas em blogs, sites, vídeos, Twitter. A saída tem sido enxergar a crise como oportunidade. O mercado da comunicação passa por uma consolidação no Brasil.
A experiência que temos vivido na GM e Chevrolet, que reflete as tendências mais inovadoras da comunicação na era digital, tem sido a de buscar adequar a produção de conteúdo para atingir o público-alvo em três pilares:
– Conteúdo proprietário, aquele que criamos, entre eles os press releases e os mídia kits;
– Conteúdo produzido em conjunto com o usuário, unindo membros da audiência em torno de um sujeito, marca ou causa para compartilhar ideias, imagens e experiências;
– Conteúdo produzido por terceiros ou embaixadores da marca por meio de mensagens patrocinadas ou espontâneas – influenciadores são uma boa aposta para atingir audiências específicas, já que têm credibilidade para fazer chegar a mensagem da marca a audiências-alvo.
Isso transforma a forma como uma marca interage com o seu público. É uma relação muito mais próxima, quase que personalizada.
Vale ressaltar ainda que, todos os dias, nós geramos 2,5 quintilhões de bites de dados e que 90% dos dados disponíveis hoje no mundo foram criados apenas nos últimos dois anos, aponta estudo da IBM.
O desafio está dado. Cabe a nós comunicadores a tarefa de inovar e criar novos formatos que permitam que as nossas mensagens atinjam corações e mentes de um público cada vez mais ativo, exigente e conectado.
Nelson Silveira é diretor de comunicação da GM do Brasil