Opinião

A disputa entre Dilma e Serra no Brasil e em Guarulhos

Contrariando todos os institutos de pesquisa, que apontavam vitória da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, no primeiro turno realizado no último domingo, a disputa só será decidida no próximo dia 31 entre ela e o ex-governador José Serra, do PSDB. E mais: a preferida por Lula ficou com uma votação abaixo do que poderia se esperar, já que foi para o segundo turno com 46,9% dos votos válidos de todo o Brasil contra 32,6% de seu oponente.


 


Por esses números e pela força que a máquina pública no País tem, é óbvio que Dilma entra na campanha deste segundo turno mais próxima da vitória do que Serra. Enquanto ela precisa, além de manter o eleitorado de 3 de outubro, ganhar pouco mais de 3% daqueles que optaram por outros candidatos, o tucano necessita avançar quase 18 pontos. Por isso, ele deverá subir o tom de sua campanha, partindo para o embate direto com a petista, demonstrando ao eleitor as reais diferenças que existem entre os dois e os projetos que defende para o País.


 


Apesar do favoritismo de Dilma, analistas políticos das mais diferentes tendências ainda não arriscam dizer que as eleições presidenciais estão decididas. Há uma série de fatores que podem interferir diretamente no resultado. Uma demonstração evidente já pode ser visto nos primeiros discursos da candidata. Ela faz questão de citar Deus em suas entrevistas, garantindo – por várias vezes – ser contra o aborto e a favor da vida.


 


Os marqueteiros de sua campanha identificaram que este foi um dos principais motivos da vitória não ter ocorrido no primeiro turno, quando igrejas cristãs pediram a seus fiéis para que evitassem votar em candidatos do PT. Os religiosos identificaram, tanto no programa do partido como nas linhas de pensamento de várias lideranças petistas, grande tendência para se descriminalizar o aborto. Assim, Dilma muda o tom e tenta demonstrar uma certa docilidade que não lhe cai bem.


 


Em Guarulhos, Dilma saiu vitoriosa em relação a Serra, mas com uma votação bem menor que o resultado em todo o país. Teve nas urnas da cidade 39,4% dos votos contra 35,0% de Serra. Bastante pouco para um município governado por seu partido há quase dez anos e onde o governo federal despejou rios de dinheiro nos últimos anos em obras do PAC. Talvez, a falta de conclusão dos projetos possa ter pesado. Mesmo assim, a votação da candidata a presidente pelo PT foi superior ao obtido pro Aloizio Mercadante, que concorreu ao Governo de São Paulo. Em Guarulhos, ele 38,7% dos votos, enquanto o vitorioso Geraldo Alckmin (PSDB) saiu da cidade com honrosos 43,3% dos votos válidos.


 


Na cidade, o jogo parece bastante equilibrado. O resultado aqui dependerá sobremaneira da forma como os tucanos e petistas encararão o segundo turno. No primeiro, José Serra foi o primeiro candidato a presidente a vir a Guarulhos. Dilma Roussef frustrou a militância ao não aparecer em um comício, que – conforme o Guarulhos Hoje mostrou na época – foi montado com pessoal, material e recursos da Prefeitura.

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