Economia

À espera de medidas fiscais, juros futuros sobem com cenário externo tenso

Os juros futuros fecharam a sessão desta terça-feira, 17, com alta firme, principalmente os de longo prazo. O mercado aprofundou à tarde o movimento de realização de lucros que vem permeando os negócios desde o final da semana passada. Após uma abertura em queda, assegurada pela confirmação de que Ilan Goldfajn foi indicado para comandar o Banco Central, as taxas passaram a oscilar entre os ajustes anteriores e leve avanço ao longo da manhã. Na etapa vespertina, os principais contratos aceleraram para as máximas da sessão, com a aversão ao risco no exterior elevada pelo reforço nas apostas de que os juros norte-americanos podem subir na reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) em junho.

Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 fechou com taxa de 13,650%, de 13,600% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2018 subiu de 12,67% para 12,75%. O DI janeiro de 2021 terminou em 12,38%, de 12,27%.

A reação do mercado à divulgação dos demais membros que vão compor a equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi de queda nas taxas após a abertura, mas modesta, uma vez que os nomes já estavam, em boa medida, na conta do mercado, sobretudo o de Ilan Goldfajn, para o qual o mercado é só elogios. O que poderia ter dado um fôlego extra de baixa para os juros seria o anúncio das primeiras medidas concretas, principalmente na área fiscal, para recolocar o País na trajetória de crescimento, mas, como isso não aconteceu, o mercado optou por realizar lucros, já que as taxas fecharam muito na semana passada.

Ao mesmo tempo que considera plausível que o anúncio de medidas demore um pouco, o mercado também não descarta que a nova gestão tenha recebido as contas numa situação bem pior do que se imaginava. “O mercado esperava medidas efetivas do Meirelles, pois os nomes já estavam nos preços. Há impressão de que as medidas não serão fáceis de serem tomadas, com ele pedindo mais tempo para olhar os números. O processo pode não ser tão rápido como se imaginava”, afirmou Getulio Ost, analista de renda fixa da Eleven Financial. “Além disso, números melhores da economia dos EUA influenciaram bastante a curva longa”, completou, ao justificar o avanço das taxas futuras.

Pela manhã, saíram nos EUA dados fortes de inflação – o CPI subiu 0,4% em abril, maior alta mensal desde fevereiro de 2013 – que elevaram as apostas de que os juros dos Fed Funds podem subir em junho. Essa percepção foi endossada por declarações de membros do Federal Reserve à tarde. Entre eles, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Robert Kaplan, afirmou que o “momento de elevar juros não está num futuro muito distante”. Na ótica do mercado, o aumento de juro nos EUA deve reduzir o fluxo de investimento para as economias emergentes.

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