Opinião

A gente não quer só comida

A semana chega ao fim com duas notícias bastante lamentáveis para os jovens guarulhenses que curtem reagge e rock. Dois shows agendados e bastante divulgados em Guarulhos simplesmente não ocorreram. Ambos no Internacional Eventos, um espaço adaptado para espetáculos na antiga fábrica da Philips. O primeiro seria no sábado passado, quando diversas bandas se apresentaram em um festival que mesclava os dois gêneros musicais. Boa parte do público, porém, foi atraído por dois grupos: o roqueiro CPM22 e uma das sensações do reggae nacional, Natiruts. O primeiro veio. O segundo não apareceu.


 


Por mais que os organizadores tentem se explicar, eles nunca conseguem convencer quem juntou – com bastante sacrifício – o dinheiro para pagar os ingressos, se deslocou até o local, gastou com condução ou estacionamento, esperou até quase o amanhecer do dia e se frustrou voltando para casa sem assistir o show. Devolver o dinheiro, nesses casos, é pouco. Fora as pessoas que, cansadas de esperar ou temendo problemas maiores como depredações ou pancadarias, saiu do recinto sem pegar qualquer prova de sua presença no local. A solução encontrada pela organização, que foi conceder ingressos para um outro show na cidade, com uma banda diferente, deveria ser execrada. Beira o absurdo.


 


Para piorar ainda mais, nesta sexta-feira, os organizadores de outra promoção que seria realizada hoje com a apresentação do NXZero informaram a imprensa que o show foi cancelado. Discorrem sobre problemas contratuais com a banda. Isso mais uma vez revela o desrespeito e falta de profissionalismo de alguns empresários, que não enxergam Guarulhos com a seriedade que merece. Marcam shows sem a mínima garantia de realizá-los.


Pior ainda que ajudam a sujar ainda mais a imagem que a cidade tem na promoção de eventos artísticos. Empresários sérios que cumprem aquilo que prometem saem prejudicados, já que – nesses momentos – dificilmente o consumidor consegue separar os sérios dos picaretas, colocando todos no mesmo patamar.


 


A situação precisa mudar. Os estabelecimentos que cedem os espaços para esses shows não podem permitir que organizadores oportunistas loquem suas casas. Já os grupos envolvidos não podem, de forma alguma, aceitar que seus nomes sejam vinculados nesse tipo de evento, sem garantias de que serão realizados. Seus fãs não merecem ser destratados. Guarulhos carece de maior seriedade.

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