Contrariando as expectativas de que abandonaria a disputa pela candidatura democrata à presidência dos EUA, Bernie Sanders disse na madrugada desta quarta-feira que permanecerá na corrida até a convenção da legenda, em julho.
“A luta continua”, declarou o senador que incendiou jovens americanos com a defesa de uma revolução política que acabe com a influência financeira nas eleições do país.
Sanders prometeu se manter na disputa mesmo depois de uma derrota avassaladora para Hillary Clinton na Califórnia. O resultado no mais populoso Estado americano era crucial para suas chances de desafiar a vantagem eleitoral da ex-primeira-dama na convenção democrata de julho.
As primárias de terça-feira deram a Hillary o número necessário de delegados para garantir a nomeação do partido e ampliaram sua liderança em relação a Sanders no voto popular. Cerca de 15 milhões de eleitores optaram pela candidata. O senador teve o apoio de 11,3 milhões de pessoas. Em novembro, Hillary enfrentará Donald Trump, o outsider que tomou de assalto o Partido Republicano.
O presidente Barack Obama telefonou à noite para sua ex-secretária de Estado e a congratulou pela vitória. Obama também ligou para Sanders e concordou em reunir-se com ele em Washington na quinta-feira.
“Sei que a luta diante de nós é muito difícil, mas continuaremos a lutar por cada voto e por cada delegado”, declarou o senador. A última prévia democrata será a da capital americana, daqui uma semana.
Falando a seus apoiadores, Sanders disse que havia recebido um telefonema de Hillary, no qual a congratulou pelas vitórias de terça-feira. Em um sinal das dificuldades que a candidata terá para conquistar seus seguidores, o gesto foi recebido por uma longa vaia.
O senador deixou claro que seu principal objetivo é impedir que Trump saia vitorioso da eleição de novembro. “O povo americano nunca vai apoiar um candidato cujo principal tema é a intolerância, um candidato que insulta mexicanos, muçulmanos, mulheres e afro-americanos. Nós não permitiremos que Donald Trump se torne presidente dos Estados Unidos.”
Mas Sanders ressaltou que sua “missão” vai além da determinação de derrotar o republicano e implica “transformar o país”. O senador se apresentou como o líder de um movimento de base, semelhante aos que levaram a outras mudanças na sociedade americana no passado, como as relacionadas aos direitos de trabalhadores, negros, mulheres e gays.
Quando o público começou a gritar “Bernie, Bernie”, ele interrompeu: “É mais do que Bernie. Somos todos nós juntos”.
O senador não tem nenhuma possibilidade matemática de vencer a convenção democrata, mas deve usar os milhões de votos que obteve para influenciar a plataforma e os compromissos que serão assumidos durante o evento. Além de Obama, ele se reunirá na quinta-feira com líderes democratas na Câmara e no Senado.