Que a CCR NovaDutra, concessionária que administra a rodovia federal Presidente Dutra há quase 15 anos, não dá a mínima aos interesses de Guarulhos, nenhuma novidade. Mas chama a atenção que, ação após ação, se evidencia uma intenção não proclamada: que a cidade se exploda. Não existe outra explicação lógica ao fechamento do acesso da pista marginal para a expressa, na altura do quilômetro 222, no sentido Rio de Janeiro-São Paulo, promovido a partir da última segunda-feira. No material distribuido à imprensa, está evidente. A medida foi tomada para facilitar o trânsito de veículos para quem já vem da rodovia com sentido a São Paulo, canalizando na via expressa somente aqueles que – subentende-se – contribuiram com a concessionária pagando pedágios. Guarulhenses precisam se contentar com a já congestionada pista marginal desde o bairro de Bonsucesso. Quem sai de importantes bairros como Presidente Dutra, São João, Cumbica, Cecap e todos os demais da região central não pode mais chegar à expressa. Nem quem vem do Aeroporto conta com essa possibilidade. Já na segunda-feira, sem chuva ou qualquer acidente que faz o guarulhense refém da rodovia, os congestionamentos foram frequentes ao longo de todo o dia, desde o km 211, exatamente logo após o último acesso à expressa, na região de Bonsucesso. A NovaDutra informa não ser justo os veículos que vêm do Rio de Janeiro, pagando pedágios, disputarem espaços com os veículos, que acabaram por tornar a rodovia uma avenida inter-bairros. Neste sentido, um pouco de razão à concessionária. Afinal, o poder público local, desde que a NovaDutra assumiu a rodovia em 1996, não mexeu uma palha sequer para dar uma alternativa aos motoristas da cidade. Realmente, a Dutra se tornou uma avenida do município. Não existe hoje qualquer outra via em condições de receber o tráfego de quem deixa a região central rumo aos bairros na área de Cumbica, Pimentas ou Bonsucesso. Tudo passa pela Dutra. E a falta de expressão da Prefeitura de Guarulhos se evidencia em diferentes episódios. Apesar da reforma do velho viaduto de Bonsucesso, a concessionária não permitiu um acesso direto a pista de rolagem. Até agora, o Município – apesar de ter jogado ali mais de R$ 1 milhão – não conseguiu uma solução. O Viaduto Cidade de Guarulhos segue sem saídas viáveis. Tudo porque a cidade não tem força alguma frente à concessionária. Neste fechamento de acesso à pista expressa, novamente evidencia-se que a concessionária ignora o potencial econômico de Guarulhos, já que político a cidade não se faz representar de forma eficiente junto aos órgãos federais. Tanto que a decisão não passou pelo crivo de nossos dois únicos deputados, aliás reeleitos, nem tampouco pela Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito, já que os interesses do Município mais uma vez foram relegados.