Política

A solução para os transportes pelas hidrovias

Artigo do deputado federal Carlos Roberto (PSDB-SP)

Não é novidade a grande dificuldade que os produtores brasileiros, sobretudo do setor primário da economia, encontram para escoar sua produção. Sem uma política definida em infraestrutura viária, durante os períodos de safra, há sérios problemas para o transporte desde os locais de origem até os destinos finais.

Isto acontece em um país que não leva em consideração seus 63 mil quilômetros de rios, lagoas, represas e canais que podem ser usados para a navegação. Só que nem um quarto desses percursos navegáveis é aproveitado. Hoje, só 7% de todas as cargas brasileiras passam por hidrovias. Para piorar a situação, não há rodovias suficientes nem em condições de atender a demanda. Junte-se a isso a ausência de investimentos em transportes sobre trilhos, o que baratearia o produto final.

Só para ter uma noção de quanto o Brasil perde, um exemplo marcante. No Mato Grosso, uma saca de milho custa, em média, R$ 9. Para transportar essa saca até o porto de Santos, por rodovias, o custo do frete chega a R$ 18, o dobro do valor do produto. Ou seja, é muito desperdício por pura falta de visão política de buscar soluções que valorizem os setores produtivos, como se defende no produtivismo moderno, onde produzir mais, melhor e mais barato são premissas básicas para se garantir o desenvolvimento de um país.

Desta forma, o produtivismo defende saídas simples para problemas complexos, priorizando um sistema de interligação inteligente entre as áreas de produção no interior do país a portos e aeroportos, bem como a centros de beneficiamento de matéria-prima e industriais. Neste sentido, há que se pensar no Brasil como Federação, deixando de lado questões regionais, com o objetivo de que os projetos macro prevaleçam a fim de dar ao setor produtivo a garantia que ele possa realizar os investimentos necessários para ampliar a produção.

O estado de São Paulo, governado pelo PSDB há quase duas décadas, faz o dever de casa. A hidrovia Tietê-Paraná recebe mensalmente cerca de 500 comboios de balsas que podem descer e subir o rio Tietê. No total, transportam 1,5 milhão de toneladas de produtos. Isto significa 1.650 caminhões que deixam de trafegar pelas rodovias paulistas todos os meses. Mas esse número pode avançar, já que o governo estadual vem investindo para a ampliação do sistema.

Ou seja, as soluções não são tão complexas como muitos querem fazer parecer. Muitas vezes, como é o caso de investimentos em hidrovias, é possível resolver problemas aparentemente insolúveis gatando muito menos dinheiro. Só que isso pode não interessar a que manda e desmanda neste país. Mais uma vez fica evidente o que sempre afirmamos: quem não sabe fazer, faz mal feito e gasta muito. 

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