Economia

ACSP: vendas do varejo sobem 20,5% entre 2008 e 2013

As vendas do varejo no Estado de São Paulo cresceram 20,5%, descontada a inflação, entre os anos de 2008 e 2013, mostra a pesquisa “Evolução e Perfil do Varejo Paulista”. O levantamento foi feito pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) a partir de dados de faturamento do comércio disponibilizados pela Secretaria da Fazenda do Estado. O crescimento foi inferior à média brasileira, de 54,6%, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a entidade, isso revela a perda de participação relativa de São Paulo no comércio nacional.

Esse deslocamento relativo do varejo teve reflexos na evolução da quantidade de trabalhadores alocados no setor. No período, o emprego avançou 25% em todo o Estado, em média. Em muitas regiões analisadas, contudo, esse desempenho foi melhor. É o caso de Osasco (37,4%), Sorocaba (34,6%), Guarulhos (30,8%), São José do Rio Preto (30,1%), Araçatuba (29,6%), Presidente Prudente (28,3%), Ribeirão Preto (28%), Jundiaí (27,2%), Marília (27,1%) e Taubaté (26,3%). Na capital (21%), o crescimento foi inferior à média estadual.

O levantamento detalha o desempenho do varejo restrito (que exclui automóveis e materiais de construção) e do ampliado (que inclui os dois seguimentos anteriores), mas apenas para o período 2009-2013. Nesse intervalo, houve crescimento das vendas no restrito em todos os anos, sendo o melhor desempenho em 2010 (11,7%) e o pior, em 2012 (0,7%). Já no varejo ampliado, só não houve avanço em 2012 (-1%), também considerado o pior desempenho do período. O melhor ano, por sua vez, também foi em 2010 (10,5%).

A pesquisa mostra que, de 2008 a 2013, o comportamento do varejo ampliado não foi uniforme em todas as regiões do Estado. Na capital, as vendas cresceram 6,5%, a menor variação do Estado. A participação da cidade no total das vendas varejistas estadual caiu de 35% para 30% no período, com deslocamento para o interior, onde algumas regiões apresentaram aumento expressivo em termos absolutos e relativos, como Osasco (43,4%), Guarulhos (42,1%), Sorocaba (39,1%), Marília (35,9%), Araraquara (35,7%) e Araçatuba (32,5%).

Desempenho por setor

O documento revela ainda que, entre 2008 e 2013, o setor de eletrodomésticos e eletroeletrônicos teve a maior expansão das vendas (73,3%), beneficiados pelas novidades no campo da informática e da tecnologia, seguido por vestuários, tecidos e calçados (46,3%), influenciado pela valorização do real frente ao dólar, que barateou as importações. Aparecem ainda no ranking supermercados (44,5%), lojas de materiais de construção (33%), farmácias/perfumarias (32,9%) e lojas de móveis e decorações (31,6%).

O setor de autopeças e acessórios, por sua vez, apresentou crescimento de 22,1%, refletindo o aumento do parque total de veículos, que passaram a requerer manutenção periódica. Outros setores do comércio varejista tiveram, juntos, crescimento de 15,5%. Na contramão, os dois setores que registraram quedas no período foram concessionárias de veículos (-15,7) e lojas de departamento (-10,6%). O desempenho ruim das concessionárias é atribuído à piora nas condições de crédito e à antecipação da compra incentivada pelas desonerações do IPI.

Consumo motivou crescimento

Para o presidente da ACSP, Rogério Amato, o crescimento do varejo no Estado é resultado do aumento do consumo das famílias, que se converteu no principal motor do crescimento econômico. Segundo ele, isso é consequência de fatores como crescimento da renda; elevação do emprego; expansão do crédito, com prazos mais longos; bônus externo, resultante da valorização das matérias primas exportadas; e bônus interno, pelo aumento da participação da população no mercado de trabalho.

“Mas esse ciclo de expansão começou a apresentar desaceleração a partir de 2011, na medida em que os dois bônus perderam intensidade”, ponderou o presidente em nota à imprensa. Segundo ele, no plano externo, a crise internacional provocou queda nos preços das commodities, enquanto, internamente, a redução do crédito somada ao aumento de juros e redução dos prazos de financiamento, provocou arrefecimento do consumo, reduzindo geração de novos empregos e mitigando o crescimento dos salários.

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