O prefeito Guti protocolou nesta terça-feira (13) mais um ofício junto ao Ministério de Portos e Aeroportos que solicita apoio para a demanda criada pela chegada dos refugiados afegãos no aeroporto de Guarulhos. O documento reforça o pedido de reconhecimento da cidade como fronteira do Brasil, solicita que o governo federal assuma as ações de interiorização dos afegãos no país e pede maior apoio financeiro para a alimentação daqueles que permanecem no aeroporto aguardando acolhimento.
Outros órgãos, como o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Casa Civil, a Organização das Nações Unidas, o Ministério Público Federal e o estadual também receberam o documento.
O Terminal 2 do aeroporto, por meses e graças a ações municipais, permaneceu sem pessoas acampadas no aguardo de acolhimento. Porém nas últimas semanas o número de afegãos que esperam acolhimento no local voltou a subir e hoje há 141 pessoas, o que inclui famílias com crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
“Guarulhos segue trabalhando no atendimento e acolhimento desse público, mas apesar de todos os esforços continuamos sofrendo com a falta de recursos”, explicou o chefe do Executivo. Guti reforçou ainda que o orçamento da cidade está desequilibrado desde o início da crise, já que o atendimento das mais de 3,5 mil pessoas no aeroporto entre janeiro de 2022 e maio de 2023 não estava previsto no orçamento municipal. “São demandas nos setores de saúde pública, moradia, assistência social e educação que não haviam sido inicialmente planejadas e estão sendo motivo de preocupação”, complementou.
Além disso, o documento enviado ao Ministério de Portos e Aeroportos reforça que barreiras culturais, questões como higiene precária, famílias abrigadas improvisadamente em espaço público e de forma completamente inapropriada, gerando aglomeração por um longo período, representam risco alto de disseminação de doenças, principalmente respiratórias. Por isso, a cidade já aplicou cerca de duas mil vacinas naqueles que passaram pelo acampamento, além de ter realizado 120 consultas médicas solicitadas pelas equipes de apoio.
“Guarulhos foi completamente surpreendida com a chegada dessa população no ano anterior, mas trabalhamos com o que tínhamos à disposição e com as instituições parceiras. Desde então a cidade passou a contar com 177 vagas de acolhimento para imigrantes, sendo 127 geridas pela municipalidade e outras 50 pelo governo estadual. Diante da atual situação, as nossas residências já estão lotadas e não há mais vagas para encaminhamento dos que estão no Terminal 2 neste momento”, explicou Fábio Cavalcante, secretário de Desenvolvimento e Assistência Social, responsável pelo Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, equipamento da Prefeitura de Guarulhos dentro do aeroporto e que efetua o primeiro atendimento dos afegãos.
Cidade-fronteira
Em 23 de fevereiro o prefeito Guti protocolou no Ministério de Portos e Aeroportos o primeiro pedido para que a cidade seja reconhecida como fronteira aérea do país. A solicitação visa a facilitar o recebimento de recursos para o atendimento de migrantes e refugiados na cidade, já que Guarulhos conta com o maior aeroporto da América do Sul.
O chefe do Executivo defende que, na condição de fronteira, Guarulhos poderá desenvolver junto ao Estado e à União uma política permanente de recepção de migrantes.