Retomada das bolsas internacionais e do petróleo permite uma quarta-feira de recuperação do Ibovespa. Esse movimento no exterior acontece mesmo sem uma razão positiva aparente e após a AstraZeneca informar que dará uma pausa em estudos de vacina contra a covid-19.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 1,18%, aos 100.050,43 pontos, seguindo as bolsas americanas, que tivera o terceiro pregão de queda, mas hoje sugerem reação.
Às 10h39, subia 0,83%, aos 100.876,02 pontos.
Para o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, seria importante o índice a não perder os suportes dos 100 mil pontos e dos 98 mil pontos para não acelerar uma pressão vendedora.
Com a agenda de indicadores sem força para direcionar os negócios, o noticiário corporativo pode assumir esse papel nesta quarta-feira, especialmente após a Oi aprovar a mudança no plano de recuperação judicial, abrindo espaço para a venda de ativos, o que tende a pressionar para cima as ações do setor na B3. TIM ON subia 2,74% e Vivo PN, 2,17%, às 10h41.
Além disso, os papéis do setor de consumo ficarão no radar, em meio ao encarecimento dos alimentos, por causa do dólar alto, o que leva o presidente Jair Bolsonaro a se reunir com o setor supermercadista hoje à tarde para tentar encontrar uma solução para o aumento.
O governo ainda quer zerar as tarifas de importação de alguns itens da cesta básica para facilitar a entrada dos produtos estrangeiros. ViaVarejo ON subia 0,99%, Lojas Americanas PN, 0,48%, Magazine Luiza ON 2,57%, e Lojas Renner ON , 0,43%. Pão de Açúcar ON subia 0,83%.
No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, o grupo Alimentação saltou a 0,78%, depois de subir 0,01% em julho. A aceleração tende a reforçar preocupação com o encarecimento desses itens no momento em que o dólar parece não dar trégua – só em 2020 acumula valorização de quase 33%. Esse movimento pode ser um vetor de pressão em ações de consumo na B3.
O IPCA, por sua vez, desacelerou a 0,24%, depois de subir 0,36% no sétimo mês do ano, acumulando 2,44% em 12 meses. O resultado ficou perto da mediana de 0,25% das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast (0,16% a 0,36%).
Às 9h13, o Ibovespa futuro subia 0,95%, aos 101.070 pontos.
No noticiário corporativo, destaque para a AstraZeneca, que ontem à noite anunciou a suspensão da fase três de testes de sua possível vacina contra a covid-19, após um voluntário no Reino Unido apresentar uma reação adversa grave. Em Londres, a ação da empresa farmacêutica anglo-sueca caem mais de 1,5%, mas as bolsas europeias sobem em torno de 1,00%.
"Existe certa frustração com a suspensão dos testes da vacina conduzidos pelo laboratório AstraZeneca, o que reduz a expectativa de conclusão do processo em breve. No Brasil, a tênue melhora externa e a possibilidade da divulgação de medidas de ajuste fiscal no âmbito da PEC do pacto federativo devem ajudar", avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada.
O senador Marcio Bittar (MDB-AC) deve apresentar hoje o relatório das ações de corte de despesas previstas na Proposta de Emenda Constitucional do pacto federativo. As medidas abrem um espaço de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões no Orçamento.
O petróleo também avança na faixa de 1,00% no mercado internacional, o que pode ser fonte de alívio para as ações da Petrobrás (sobe na faixa de 1%), enquanto a queda de 2,00% do minério de ferro no porto chinês de Qindgao limita ganhos dos papéis da Vale (0,67%).
As ações da petrolífera ainda tendem a reagir à notícia de a estatal iniciou a fase vinculante da venda de uma fatia entre 50% e 100% de sua participação na concessão BM-S-51, na Bacia de Santos, além do anúncio de recuo nos preços dos combustíveis nas refinarias ontem.