Os constrangimentos de ter um presidente da Câmara dos Deputados investigado vão continuar com Waldir Maranhão (PP-MA), que assumiu a presidência da Casa interinamente nesta quinta-feira, 5, após o Supremo Tribunal Federal (STF) afastar Eduardo Cunha do mandato parlamentar e, consequentemente, do comando da Câmara. Assim como o peemedebista, Maranhão também é investigado pela Operação Lava Jato.
De acordo com as investigações, o doleiro Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro e investigado por outros crimes na Lava Jato, afirmou que Waldir Maranhão foi um dos políticos do PP que recebeu dinheiro por meio de uma empresa usada pelo doleiro para distribuir propina oriunda de contratos da Petrobras. O presidente interno da Câmara, contudo, ainda não se tornou réu, como Cunha.
Além da investigação da Lava Jato, Maranhão também é alvo de outros dois inquéritos que também tramitam no STF, nos quais é acusado de crimes como lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos ou valores. O deputado do PP também traz no currículo outros questionamentos na Justiça Eleitoral. Ele teve suas contas de campanha de 2010 para deputado rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA).
Médico veterinário de formação, Maranhão está em seu terceiro mandato consecutivo de deputado. Ele se filiou ao PP em 2007. Antes disso foi filiado ao PDT (1985 a 1986), duas vezes ao PSB (1986 a 1988 e 2005 a 2007) e ao PTB (1988 a 2005). No primeiro mandato de deputado, licenciou-se para assumir o cargo de secretário Estadual de Ciência e Tecnologia do Maranhão, na gestão de Roseana Sarney (PMDB), entre maio de 2009 e abril de 2010.
No ano passado, Maranhão foi eleito vice-presidente da Câmara com apoio de Eduardo Cunha. Na votação do impeachment, contudo, os dois estiveram em lados opostos. O deputado do PP começou declarando voto a favor do impeachment, mas, dias antes da votação, mudou de lado e passou a apoiar Dilma. Na hora de anunciar seu voto, contudo, reiterou sua lealdade a Eduardo Cunha.
Maranhão também foi responsável por uma série de decisões que favoreceram Cunha no processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, o qual pode levar à cassação do peemedebista. Na última, o presidente interino da Câmara limitou a investigação do colegiado a suposta existência de contas bancárias não declaradas no exterior pertencentes a Cunha.
Dessa forma, Waldir Maranhão decidiu que o Conselho de Ética não poderá investigar o presidente da Câmara afastado por suspeitas de recebimento de propina, conforme acusam delatores ouvidos pela força tarefa da Operação Lava Jato. Cunha nega todas as acusações: tanto de ter contas secretas quanto de recebimento de propina.