Um alpinista morreu baleado após, por engano, ter entrado de carro na favela Vila Sapê, em Duque de Caxias, município na Baixada Fluminense. O crime aconteceu na noite do último sábado. Ulisses da Costa Cancela, de 36 anos, seguia do Rio para Petrópolis, cidade da região serrana em que morava, quando errou o caminho e parou dentro da comunidade, onde ocorria uma troca de tiros.
No Ford Ka, também estava a mulher de Cancela, Jenifer Pinheiro, com quem vivia desde 2004, e um casal de amigos. Os quatro voltavam de uma festa, com o alpinista ao volante. Ao perceber os disparos, ele teria pedido aos demais que se abaixassem, pois tentaria sair de ré da favela. Antes que pudesse escapar, foi atingido na cabeça e, ao perder o controle da direção, bateu com o carro em um muro.
Os outros passageiros não se feriram. O alpinista foi socorrido por uma pessoa que estava no local e levado inicialmente para um posto de saúde. Depois, foi transferido para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde morreu por volta de 11h de domingo.
Até agora, as investigações não determinaram a origem do tiro que matou Cancela. O tiroteio que ocorria na favela confrontava traficantes inimigos, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Fábio Cardoso, policiais estão, desde o momento em que o crime foi notificado, realizando diligências no local para “obter informações que permitam identificar a autoria do crime”.
Aficionado por escaladas, Cancela trabalhava como alpinista industrial e caldeireiro em empresa do setor petroleiro que presta serviços à Petrobrás na área de manutenção de plataformas. Ele foi enterrado anteontem no Cemitério Municipal de Petrópolis. De acordo com parentes, a mulher do alpinista, com ele no momento em que foi atingido, permanece em estado de choque.
O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, comentou ontem o assassinato de Cancela, ao participar de evento no Rio.
“Esses são casos que no passado aconteciam no Rio de Janeiro recorrentemente. Se qualquer outra pessoa entrar no Chapadão, na Pedreira (favelas violentas na zona norte), em áreas onde estão esses bandidos ainda, infelizmente, é possível que isso aconteça porque são áreas que estão abandonadas há muito tempo”, afirmou Beltrame.
O secretário disse ainda que “não há garantia” de que as autoridades de segurança vão “entregar uma cidade totalmente limpa” à população fluminense.
“Eu digo e repito: o crime aqui no Rio de Janeiro é um paciente em estado febril. Nós temos picos dessa febre e às vezes ela diminui. E é em cima disso que a gente vai trabalhando. Dizer que o crime vai acabar é uma leviandade”. afirmou ele.