Economia

Alta do dólar pesa no bolso e exige mais planejamento

Quem está acompanhando o dólar porque vai viajar nas férias ou tem um intercâmbio no horizonte certamente tomou um susto na última semana ao ver a moeda bater a cotação mais alta dos últimos 16 meses, aos R$ 3,42. Só nestes quatro meses do ano, o dólar comercial já subiu 7%. Apesar do cenário ser imprevisível, especialistas apontam que o dólar deve continuar em trajetória de alta, o que exige do consumidor poupar nos detalhes. Diante dessa nova perspectiva, “esperar baixar” pode custar caro.

A cotação do dólar turismo, mais caro que o comercial, passou de R$ 3,38 em janeiro para um valor próximo de R$ 3,55 na última sexta-feira – isso sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,1%.

Assim, uma família que pensa em ir para a Disney em junho, por exemplo, e deixou para comprar US$ 5 mil na sexta-feira, chegou a pagar R$ 800 a mais pela mesma quantia do que se tivesse comprado em janeiro.

No início do ano, era preciso desembolsar R$ 16,935 mil. Já de acordo com a última cotação, desembolsaria R$ 17,780 mil. Com a diferença, daria para comprar cinco perfumes importados, um modelo singelo do fone de ouvido Beats ou então sete das bonecas fenômeno do momento, LOL.

Se não foi possível se planejar com antecedência, ao menos pesquisar preços pode ajudar com alguma economia. Dados da plataforma Meu Câmbio mostram que a diferença de valor entre as casas de câmbio pode chegar a 29%.

Além da pesquisa pelas casas de câmbio, vale também pesquisar por lugares diferentes, aconselha o diretor de estratégia e inovação da Meu Câmbio, Mathias Fischer. Uma pessoa que sai de Fortaleza e vai passar por Guarulhos antes de viajar pode economizar até 2,5% se optar por comprar dólar em São Paulo.

De acordo com a cotação da plataforma, US$ 1 mil em Fortaleza (CE) sai em torno de R$ 3,646, enquanto que em Guarulhos fica cerca de R$ 3,556.

Os fatores que afetam a composição de preço são custos logísticos, de importação e gastos internos de atendimento das próprias corretoras, além da demanda. Em períodos de férias, esses custos podem ficar ainda mais altos.

O superintendente de varejo do Grupo Confidence, Juvenal dos Santos, aconselha os viajantes a planejar e acompanhar o mercado de câmbio com um prazo de três meses antes do embarque, sobretudo em períodos de mais volatilidade na moeda. Assim, a pessoa comprará moeda com cotações ao longo do tempo e no fim do período terá um valor médio da compra – nem muito alto e nem muito baixo.

Este ano, caso já tenha algum recurso, o indicado é já ir poupando em moeda estrangeira, mesmo que seja de pouquinho em pouquinho. Para quem tem medo de deixar dólar guardado em casa, ele aconselha fazer a poupança no cartão pré-pago.

Expectativa

Quem viu a moeda americana oscilar entre R$ 3,20 e R$ 3,30 no ano passado, agora verá num degrau acima – entre R$ 3,30 e R$ 3,40, aponta o economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo. Na última sexta-feira, o dólar à vista voltou a fechar em alta, cotado cerca de R$ 3,40. A moeda encerrou o dia cotado a R$ 3,4263, com valorização de 0,49%, na maior cotação desde 2 de dezembro de 2016.

Crespo explica que a proximidade de uma eleição com candidatos mais incertos do que em anos anteriores e o cenário externo apreensivo – com o embate entre Estados Unidos e China e a ofensiva americana na Síria -, deixam o mercado mais apreensivo.

A aposta mais certeira para o economista da Guide é que o dólar não deva voltar ao patamar visto no mês de janeiro tão cedo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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