Antes de reforma, velho Pacaembu se despede com exposição de arte em campo

Antes de fechar os portões para as obras de restauração e modernização, o estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, vai se despedir da população de São Paulo com uma ocupação artística. Entre os dias 10 e 17 de dezembro, o estádio receberá o evento Arte em Campo. São esculturas e instalações artísticas que vão ocupar o gramado, as quadras de tênis, ginásio poliesportivo e até a piscina. O evento será gratuito, aberto ao público, com agendamento online. É a última chance de visitar o estádio, palco de incontáveis conquistas de Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos, antes da reforma que deverá ser concluída somente em meados de 2023.

Essa união entre arte e esporte é uma prévia do que será o Pacaembu nos próximos anos. A iniciativa da concessionária Allegra Pacaembu, em parceria com 25 galerias de arte e 54 artistas, antecipa a "cara" que o estádio vai apresentar após sua reabertura. Além de continuar recebendo jogos de futebol, o estádio vai diversificar seu uso. "Estamos unindo os pilares de cultura, lazer e esporte que faziam parte do conceito original do complexo. Queremos expandir a oferta para a população e ampliar a utilização do estádio", afirma Eduardo Barella, CEO da Allegra Pacaembu.

Esses planos estão bem claros no projeto de modernização. A arquibancada sul, conhecida como tobogã, por exemplo, será demolida – atualmente, o local tem capacidade para receber 10.246 torcedores. Em seu lugar será construído um centro de convivência e de eventos. Isso significa que o evento que começa na quinta-feira é a chance de se despedir do tobogã. Embaixo da arquibancada lateral (setor de cadeiras laranja) será construída uma arena de e-sports com capacidade para 2 mil pessoas.

Essa nova vocação do Pacaembu, que chegou a ser o principal palco do futebol no Brasil e sediou seis partidas da Copa do Mundo de 1950, começa a ser apresentada na quinta-feira para cerca de 300 visitantes por dia – essa é a expectativa dos organizadores. Nos sete dias de visitação, artistas contemporâneos, entre eles, Tomie Ohtake, Emanoel Araújo, Amilcar de Castro, Thomaz Farkas e Franz Weissmann, vão apresentar suas obras. São trabalhos prontos ou criados para o evento. É a visão do artista sobre o próprio espaço e também sobre o esporte. Por isso, a expressão "ocupação artística".

Na quadra de tênis, por exemplo, o artista plástico gaúcho José Spaniol apresenta o trabalho "Ao Leu", estrutura de colunas e mesas de madeira em diferentes níveis. "O trabalho sugere um movimento de suspensão, reunindo simultaneamente instabilidade e equilíbrio. Talvez nesse sentido exista um vínculo com a ideia de movimento no esporte", diz o pintor, desenhista, gravador, escultor e professor da Unesp.

Frequentador do estádio municipal desde criança, Spaniol conta que costumava levar seus alunos de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) para desenhar no estádio entre 2002 e 2009. "O Pacaembu foi incrustado no vale, amparado pela geografia da encosta. Assim, ele foi preservando uma relação com a paisagem", diz Spaniol.

Seguindo os protocolos de prevenção ao novo coronavírus, as obras estarão distribuídas nos mais de 10.400 metros quadrados do complexo esportivo, ao ar livre ou ainda em espaços amplos e arejados.

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