Após invasão do Capitólio, grupos pró-Trump organizam atos para posse de Biden

Enquanto os Estados Unidos lidam com a repercussão política da invasão do Capitólio na semana passada, aliados do presidente Donald Trump se organizam para realizar novos atos para coincidir com a posse de Joe Biden, no dia 20 de janeiro. Diante da possibilidade de novos episódios violentos, a prefeita de Washington pediu reforços na segurança da cidade para as agências federais.

Até o momento, mais de 100 pessoas já foram detidas por participarem da invasão de quarta-feira, 6 – entre eles o homem que usou chapéu de pele e chifres, cuja imagem viralizou na internet. Enquanto isso, Trump se vê prestes a enfrentar mais um processo de impeachment.

Nada disso, no entanto, parece intimidar os grupos fiéis ao presidente, que prometem que nada será capaz de pará-los daqui a dez dias. O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, disse no domingo, 10, que a ameaça de grupos extremistas permanece alta dias após o ataque.

"A ameaça de grupos violentos extremistas continua alta e as próximas semanas são críticas para o nosso processo democrático com a cerimônia de posse do presidente eleito, Joe Biden, e da vice-presidente eleita, Kamala Harris, no Capitólio", destacou ele, afirmando ter conversado com o diretor do FBI, Christopher Wray, para pedir que a agência continue a buscar e prender os invasores.

Em fóruns e sites pró-Trump, manifestantes prometem "liberar o país sem piedade" e "não deixar os comunistas vencerem". Há semanas, organiza-se um ato chamado por seus organizadores de "Marcha do Milhão com as Milícias" para o dia 20.

Eventos também são marcados para os dias anteriores: "Nós recusamos a ser silenciados", dizia uma postagem encontrada pelo Grupo Alethea, que trabalha no combate à desinformação, em uma análise desta semana que levantou diversas postagens deste tipo. "Marcha armada no Capitólio e em todos os Capitólios estaduais em 17 de janeiro", dizia outra.

Enforquem Mike Pence

No Twitter, a expressão "enforquem Mike Pence", o vice-presidente dos EUA, chegou a figurar entre os assuntos mais comentados um dia após a expulsão de Trump da rede social por incitação à violência. Já o Parler, rede social usada por trumpistas que foi banida pelo Google, pela Apple e pela Amazon, removeu uma postagem do advogado conservador Lin Wood, um grande aliado do presidente, defendendo o enforcamento de Pence.

Um dos últimos posts de Trump antes de ser banido do Twitter foi afirmar que não comparecerá à posse de Biden, algo visto por muitos como um sinal verde para que o evento seja mirado por seus aliados. Ele será apenas o quarto presidente americano a faltar à posse de seu sucessor – a última vez que isto ocorreu foi em 1869, com Andrew Johnson.

<b>Segurança extra</b>

No domingo, diante do temor de novos episódios de violência, a prefeita da capital americana, Muriel Bowser, pediu ao secretário interino de Segurança Nacional, Chad Wolf, medidas extras de segurança para a posse de Biden.

Citando o que disse ser um "ataque terrorista sem precedentes" e a "insurreição" no Capitólio, Bowser pediu uma extensão do período conhecido como Evento Especial de Segurança Nacional, no qual o departamento de Wolf e o Serviço Secreto ficam responsáveis pela segurança de Washington.

Bowser pede para que o prazo vá de 11 a 24 janeiro, e não apenas entre os dias 19 e 21. Com isso, haveria maior coordenação das agências diante das novas ameaças. Ela também disse que a cidade dará entrada em uma pedido para pré-declaração de desastre, buscando acelerar a assistência federal para os preparativos da cerimônia de posse. O aval para a solicitação, no entanto, cabe a Trump.

Bowser também pediu para que o Departamento do Interior não permita quaisquer eventos públicos na capital nos próximos dias e que o FBI forneça briefings diários de segurança para a polícia da cidade.

Entre as cinco pessoas que morreram nos protestos da última semana estava o policial Brian Sicknick, que não resistiu aos ferimentos sofridos durante um embate com extremistas apoiadores de Trump. Um segundo policial que participou da operação, Howard Liebengood, tirou sua própria vida neste sinal de semana.

Após críticas por não ter ordenado que as bandeiras da Casa Branca fossem postas à meio mastro, Trump emitiu a ordem neste final de semana. (Com agências internacionais).

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