O contingente de pessoas com carteira assinada diminuiu 1,5% na média de janeiro a maio deste ano em relação a igual período de 2014, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, 181 mil pessoas perderam o emprego formal no período. “Desde 2004 não havia redução no emprego com carteira assinada para a média de janeiro a maio”, notou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. Naquele ano, mesmo assim, a redução foi de aproximadamente 3 mil vagas formais. “São menos pessoas com as prerrogativas que o emprego com carteira oferece, como seguro-desemprego, fundo de garantia”, acrescentou Adriana.
Apenas em maio, o emprego com carteira recuou 1,8% ante maio de 2014, uma redução de 213 mil vagas formais. O fechamento de postos na indústria é o principal culpado, responsável por 116 mil vagas. “A redução do emprego com carteira vem da indústria, da construção e dos outros serviços, que são setores que vêm tendo mais perda de emprego”, explicou.
Por outro lado, o emprego por conta própria segue crescendo. Na média de janeiro a maio, a alta foi de 2,5%, uma diferença de 108 mil pessoas. “Boa parte dos empregos por conta própria é de pessoas ligadas a comércio ambulante, pedreiros autônomos”, exemplificou a técnica.
Pressão
Segundo Adriana, a queda nos rendimentos dos trabalhadores tem levado mais pessoas a procurar emprego e, com isso, há mais gente pressionando o mercado de trabalho. Essa pressão, no entanto, não tem se convertido em criação de vagas. Pelo contrário. A destruição de postos de trabalho tem feito crescer ainda mais a fila do desemprego.
“A população economicamente ativa cresceu, e isso está indo sobretudo para a população desocupada. Além disso, você tem dispensa de pessoas”, disse. Ainda que a população ocupada esteja diminuindo, segundo Adriana, ela não exerce maior pressão para que taxa (de desemprego) suba, avaliou a técnica do IBGE. A parcela mais expressiva dessa pressão, segundo ela, vem do aumento da população economicamente ativa, que reflete a maior busca por trabalho. Sem encontrar vagas, essas pessoas engrossam a população desocupada.
No ano passado, a população (ativa) tendia a diminuir, pois a inatividade estava absorvendo muitas pessoas. Elas não procuravam trabalho porque não queriam fazê-lo naquele momento. “O que se mostra agora é um crescimento menor da inatividade e o que tem a ver com esses fatores apontados é a variação do rendimento”, disse Adriana. “Há mudança de movimento, que passou de queda da desocupação para aumento, e aumento em porcentuais elevados”, acrescentou.