Por mais que resista em admitir que está promovendo um amplo programa de privatizações, a boa notícia é que o governo da presidente Dilma Rousseff está deixando para trás velhos e ultrapassados conceitos da esquerda brasileira e assumindo posturas que visam o desenvolvimento do Brasil. Ontem, ela lançou um programa de logística que visa a alavancar o crescimento do país nos próximos anos a taxas de até 5%. Apesar da nomenclatura nova, já que o termo privatização não é aceito por seu PT, as concessões à iniciativa privada nada mais são que isso.
Como o que está em jogo não é o nome mas os efeitos, torna-se importante torcer para que as medidas realmente deem resultados e ajudem a resolver gargalos logísticos que foram deixados para trás nos oito anos do ex-presidente Lula. Seguindo a nova estratégia, que ganhou espaço no país e deu bons resultados nos anos de Fernando Henrique, Dilma se prepara – conforme afirmou – para anunciar nas próximas semanas mais concessões na área de portos e aeroportos, além da redução do preço da energia elétrica.
Segundo a presidente, o anúncio de concessões de R$ 133 bilhões em ferrovias e rodovias é o primeiro passo de um programa de logística que será divulgado em partes até meados de setembro. No entanto, ela insiste em tentar se afastar do termo privatizações como se entregar à iniciativa privada atribuições que – em tese – seriam do poder público pudesse ter outra terminologia. Ao mesmo tempo, procura atacar os governos que lideraram as privatizações no Brasil. Segundo Dilma, no modelo em que foram privatizadas, as ferrovias não podem ser usadas por todos que querem transportar suas cargas e no novo modelo a ser adotado pelo governo todos os transportadores terão livre acesso ao modal.
O problema, como ocorreu nas concessões dos primeiros aeroportos, incluindo Guarulhos, as empresas que ganharam os leilões utilizarão dinheiro bancado pelo próprio governo, via empréstimos do BNDES, por exemplo, para pagar a conta. Ou seja, o governo Dilma usa os mesmas ferramentas dos tempos de FHC. Sem qualquer inovação. No fim, quem paga a conta é o contribuinte. E não há nada de mal nisso, desde que apresentem resultados positivos para o país.